Radar: mercado acompanha reação do dólar à mudança de meta fiscal (Yuji Sakai/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 17 de abril de 2024 às 08h42.
Na contramão dos mercados internacionais que amanheceram mais otimistas nesta quarta-feira, 17, o Ibovespa futuro recua. O que impacta diretamente a bolsa brasileira ainda é o pessimismo em relação às novas diretrizes orçamentárias, principalmente a meta fiscal, apresentadas na segunda-feira, 15, pelo governo.
Na Europa, as bolsas se recuperam parcialmente das fortes perdas da sessão anterior, após dados mostrarem arrefecimento da inflação na zona do euro e no Reino Unido e em meio a balanços de empresas locais. Nos Estados Unidos, no pré-mercado, os índices futuros sobem também de olho nos balanços do primeiro trimestre de 2024.
Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única nesta quarta, em meio a dúvidas sobre o futuro dos juros nos EUA e tensões no Oriente Médio. Na China continental, as bolsas tiveram ganhos expressivos, à medida que reguladores abafaram as preocupações sobre eventuais fechamentos de capital após Pequim anunciar novas diretrizes para os mercados de capitais.
Apesar dos índices futuros dos EUA subirem, o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deixa o mercado apreensivo. O dirigente disse entender o impacto da política monetária americana na economia global, mas defendeu que o melhor que o Fed pode fazer para o mundo é garantir a estabilidade de preços.
Powell também afirmou que levará mais tempo para o banco central americano obter a confiança necessária para reduzir os juros, devido aos dados recentes da inflação acima do esperado. Hoje, por lá, terá a divulgação do Livro Bege, um documento que apresenta o panorama econômico dos 12 distritos do Fed e pode trazer mais elementos sobre o futuro dos juros nos EUA.
O mercado também reage à disparada do dólar. No fechamento de ontem, a moeda bateu R$ 5,27, com uma alta de 1,64%, o maior patamar em mais de um ano. O câmbio é impactado por uma somatória de fatores, entre eles a escalada das tensões no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel, a possibilidade do país contra-atacar e os ruídos sobre o apoio dos EUA a Israel - o que pode pressionar, principalmente, o preço do petróleo.
Outro motivo é a já citada falta de sinais sobre quando os juros americanos começarão a ser cortados também faz preço na moeda. Mas o principal motivo que o mercado reage, é a mudança da meta fiscal. No ano passado, a previsão era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Com a mudança, a nova estimativa é de déficit zero para 2025. Quando questionado sobre a disparada do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu grande parte ao cenário externo.
Às 9h desta quarta, o Banco Central (BC) divulga o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Brasil) de fevereiro. O índice é conhecido como a prévia do PIB e serve como um termômetro da economia. A projeção do Bradesco é de alta de 0,9% ante janeiro.
Nesta sessão, agentes do mercado também acompanham os desdobramentos de Petrobras (PETR4). O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo, reverteu a decisão anterior da 21ª Vara Cível Federal e restabeleceu Pietro Adamo Sampaio Mendes à presidência do Conselho de Administração da Petrobras (PETR4), de onde tinha sido afastado na semana anterior. A Advocacia-Geral da União (AGU) contestou essa decisão.
Com a determinação, Pietro Adamo retoma sua posição como presidente do Conselho de Administração da estatal, cargo que ocupava há um ano. Além disso, ele mantém o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). A decisão anterior havia apontado um conflito de interesses entre o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras.