Roberto Alvo, CEO da Latam Airlines, durante o Investor Day em Nova York, discute as perspectivas de crescimento da empresa na América do Sul.
Redator na Exame
Publicado em 23 de outubro de 2024 às 10h46.
A Latam Airlines, maior companhia aérea da América do Sul, continua enxergando grandes oportunidades de crescimento na região, mesmo após ter revisado para cima suas projeções financeiras para 2024. Segundo Roberto Alvo, CEO da Latam, em entrevista para a Bloomberg, a empresa está em uma posição sólida para aproveitar essas oportunidades e expandir suas operações em uma região que ainda apresenta baixa penetração no mercado de aviação.
"Agora temos a força financeira para definir como queremos aproveitar as oportunidades de crescimento em uma região que está subpenetrada", afirmou Alvo em entrevista durante um evento em Nova York. Ele ressaltou que as vastas distâncias entre as principais cidades sul-americanas tornam o transporte aéreo essencial em muitos casos, não havendo alternativa viável.
"As distâncias entre as principais cidades são medidas em centenas e milhares de quilômetros. Em muitos casos, não há alternativa ao transporte aéreo, e, portanto, a região está pronta para crescer, e nós temos a frota e a situação financeira para aproveitar esse crescimento", acrescentou o executivo.
Durante o Investor Day da companhia na Bolsa de Valores de Nova York, a Latam apresentou um panorama otimista para o futuro, projetando um aumento de capacidade, medido por assentos disponíveis por quilômetro (ASK), de até 16% em 2024 em comparação com o ano anterior.
Embora o ritmo de crescimento deva desacelerar nos anos subsequentes, a empresa ainda espera um aumento de um dígito alto em 2025 e de dígitos médios a altos em 2026. Além disso, a Latam destacou que sua liquidez atual representa 27% da receita total e que o Ebitdar ajustado (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deverá alcançar US$ 3,4 bilhões (R$ 19,35 bilhões) em 2024.
Enquanto outras companhias aéreas da região, especialmente no Brasil, enfrentam dificuldades financeiras significativas, a Latam se destaca por estar em uma posição muito mais sólida. A Azul, por exemplo, está em meio a negociações com credores e lutando para levantar dívidas, enquanto a Gol Linhas Aéreas está passando por um processo de reestruturação sob o Capítulo 11 e preparando-se para captar capital de saída.
Em contraste, a Latam já superou esse período mais crítico e voltou recentemente a ser listada na Bolsa de Valores de Nova York por meio de uma oferta de ações americanas (American Depositary Shares). Um grupo de acionistas levantou US$ 456 milhões (R$ 2,6 bilhões) na oferta pública inicial realizada em julho, e as ações da empresa já valorizaram 15% desde então.
Roberto Alvo afirmou que, no momento, a Latam não precisa levantar mais capital, pois a empresa possui um balanço sólido e um nível de alavancagem adequado. "Temos uma posição financeira forte e estamos bem capitalizados, o que nos permite focar no crescimento e nas oportunidades que a América do Sul oferece", comentou Alvo.
Além disso, a companhia acessou os mercados globais de dívida recentemente, emitindo US$ 1,4 bilhão (R$ 8 bilhões) em notas. Embora Alvo tenha mencionado que a empresa não planeja voltar ao mercado no futuro próximo, ele disse que há uma oportunidade de refinanciar US$ 700 milhões (R$ 3,9 bilhões) em dívidas no final de 2025, o que está sendo avaliado pela companhia.
Apesar do otimismo, a Latam Airlines não está imune aos desafios enfrentados pela indústria da aviação global. A escassez de peças e os problemas com fornecedores de motores continuam a afetar o setor, e a Latam tomou medidas para mitigar esses impactos em sua operação.
Alvo explicou que a companhia decidiu não retirar de operação uma quantidade significativa de aeronaves, garantindo assim que a capacidade de crescimento seja mantida e que a Latam possa seguir com um plano de frota que tem visibilidade para os próximos 12 meses.
"Nos sentimos bastante confortáveis com nossa capacidade de cumprir esse crescimento, apesar dos problemas que nossos fornecedores mais importantes estão enfrentando, o que, na minha opinião, terá um impacto relativamente duradouro na indústria pelos próximos anos", afirmou Alvo.