Pregão da Bovespa: o DI janeiro de 2021, com giro de apenas 850 contratos, apontava 9,89%, ante 9,90% no ajuste anterior (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2012 às 17h22.
São Paulo - Com as agendas doméstica e internacional esvaziadas, as taxas futuras de juros acabaram de lado nesta terça-feira, apesar da oscilação pontual dos vencimentos mais longos durante a sessão. O mercado ainda digere a decisão do Banco Central de reduzir a alíquota adicional de compulsório para os depósitos à vista e a prazo, mas as apostas em novo corte da Selic no encontro de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom) seguem minoritárias. Esse cenário se deve aos sinais de retomada da atividade, bem como a um certo incômodo com os patamares da inflação.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 (460.530 contratos) estava em 7,31%, nivelado ao ajuste. Já a taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (285.975 contratos) marcava 7,82%, ante 7,79% na véspera. Os longos tiveram uma volatilidade maior. O DI janeiro de 2017 (72.685 contratos) indicava 9,25%, de 9,24% na véspera e após oscilar entre 9,20% e 9,30% ao longo do dia. O DI janeiro de 2021, com giro de apenas 850 contratos, apontava 9,89%, ante 9,90% no ajuste anterior e uma variação de 9,83% a 9,95% no intraday.
Essa oscilação mais pronunciada no trecho mais longo da curva a termo está relacionada, segundo um operador, ao fato de dois ou três grandes players estarem concentrando as operações nos vencimentos mais curtos. "Com isso, os demais investidores acabam fugindo para os vencimentos mais longos para girar os negócios", afirmou. Um outro profissional destacou, no entanto, que os vencimentos mais longos abriram em baixa acompanhando o exterior negativo e que o avanço pontual ao longo do dia pode estar relacionado ao indicador positivo do mercado imobiliário norte-americano. A Associação Nacional das Construtoras de Casas (NAHB) divulgou hoje que o índice de confiança das construtoras dos EUA subiu para 40 em setembro, de 37 em agosto, atingindo o maior nível em mais de seis anos.
Enquanto isso, o veto da presidente Dilma Rousseff à redução da carga tributária sobre os alimentos que compõem a cesta básica foi visto como uma demonstração de preocupação com a questão fiscal que pode colocar em risco o cumprimento do superávit primário de 2013.
O mercado também segue debatendo os feitos da redução do compulsório bancário que, segundo o BC, injetará R$ 30 bilhões no sistema ao longo dos próximos meses. A corrente que enxerga na medida o objetivo principal de estimular o consumo via aumento do crédito ainda aposta na possibilidade de a autoridade monetária promover um corte adicional de 0,25 ponto porcentual na Selic. "Mas quem, como eu, acredita que o objetivo central foi dar maior fôlego para bancos pequenos e médios e entende que BC não usou a medida para estimular demanda, acha que as chances maiores são de que o BC pare com o afrouxamento", afirmou o estrategista-chefe do Banco WestLB no Brasil, Luciano Rostagno. De acordo com ele, um efeito colateral da redução do compulsório seria estimular a demanda, o que poderia não ser desejado pelo próprio BC neste momento.
No exterior, a relutância da Espanha em pedir um resgate financeiro alimentou aversão ao risco que, somada à realização de lucros em seguida aos fortes ganhos observados na semana passada, provocou queda nas bolsas e de boa parte das commodities.