Pregão da Bovespa: o mercado de juros, assim como alguns economistas, migrou para uma aposta no corte da taxa básica (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2012 às 17h16.
São Paulo - As taxas futuras de juros mais curtas, após oscilarem entre pequenas altas e baixas na primeira metade dos negócios, terminaram com leve viés positivo, mas com os investidores ainda precificando um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic, para 7,25% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira. Os vencimentos intermediários e longos, que mostraram tendência de queda durante boa parte do dia, também fecharam com discreta alta, após o Livro Bege do Federal Reserve indicar recuperação do setor imobiliário norte-americano. Localmente, dois indicadores antecedentes de produção fracos mostraram que a indústria brasileira deve apresentar desempenho fraco em setembro.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013, com forte movimento de 1.521.950 contratos, estava em 7,11%, ante 7,10% no ajuste. Nesse patamar, além de precificar uma redução de 0,25 ponto porcentual da Selic hoje, a taxa ainda deixa espaço residual para um novo afrouxamento em novembro. A taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (311.680 contratos) marcava 7,45%, ante 7,42% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (56.785 contratos) indicava 8,87%, de 8,85% ontem. O DI janeiro de 2021, com giro de 1.195 contratos, apontava máxima de 9,58%, ante 9,56% no ajuste.
As vendas de papelão ondulado totalizaram 282.068 toneladas em setembro, o que representou aumento de 4,77% em relação a igual mês de 2011 e queda de 6,28% ante o mês anterior, segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). No fluxo pelas estradas pedagiadas, a circulação de veículos pesados recuou 2,8% na comparação de setembro com agosto, informou a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e Tendências Consultoria Integrada.
O mercado de juros, assim como alguns economistas, migrou para uma aposta no corte da taxa básica depois que o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luis Awazu Pereira da Silva, disse, na quinta-feira da semana passada, que a perspectiva é de um longo período de "crescimento medíocre" nas principais economias. E nesta quarta-feira em entrevista exclusiva à Agência Estado o diretor de Pesquisas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, corroborou a visão de Awazu ao afirmar que a desaceleração da economia mundial iniciada na crise de 2007/2008 pode estar longe de acabar, pois é possível que ela dure uma década.
Mas se fosse considerar apenas a meta de inflação, o Banco Central realmente não teria muito espaço para dar prosseguimento ao ciclo de afrouxamento monetário. Nesta quarta-feira a Fipe informou que o IPC, que mede a inflação na cidade de São Paulo, acelerou para 0,68% na 1ª prévia de outubro, ante 0,55% em setembro. Diante disso, o coordenador do IPC, Rafael Costa Lima, revisou em alta a previsão para o dado do mês, de 0,60% para 0,69%. Já a inflação no atacado seguiu dando sinais de que o choque de commodities agrícolas, provocado pela seca nos EUA, foi absorvido. A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de outubro teve alta de 0,31%, ante uma variação de 0,59% no mesmo período de apuração do mês anterior.
No exterior, o dia foi de aversão ao risco. No começo da noite de ontem, o FMI afirmou que a paralisia das autoridades monetárias europeias está arrastando o sistema financeiro para a ruína, elevando o custo potencial da crise em várias centenas de bilhões de dólares e ameaçando disparar outra recessão global. No meio da tarde, o Livro Bege do Fed contrabalançou parte do pessimismo ao mostrar que o mercado imobiliário nos Estados Unidos teve uma ampla melhora no fim de agosto e começo de setembro, enquanto a economia mais ampla continuou se expandindo em ritmo moderado.