Banco Central americano: investidores aguardam pela decisão do Fed de amanhã (Kevin Lamarque/Reuters)
Repórter de Invest
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 15h31.
A última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) deste ano começou nesta terça-feira, 12. Com os últimos indicadores econômicos colocados à mesa, dados do CME mostram que os investidores mantêm em 98,4% a probabilidade de manutenção do atual patamar dos juros nos Estados Unidos, a ser anunciada na Super Quarta de amanhã.
Fundamentando a tese, especialistas consultados pela EXAME Invest explicam que mesmo que números recentes tenham surpreendido, desde a reunião de julho, no qual houve a última elevação dos juros, a conjuntura econômica americana não parece demandar novos aumentos – e nem um corte por ora.
Inclusive, o mercado tem precificado uma inflação moderada por lá. A exemplo disso, nesta terça o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) apresentou um avanço mensal de 0,1%, contrariando a expectativa de mercado que não previa a variação do indicador no período. No acumulado do ano, o índice ficou em 3,1%.
Ainda assim, o número pouco afetou as projeções da decisão monetária de amanhã, conforme aponta Matheus Pizzani, economista da CM Capital. “O resultado de hoje, assim como o Payroll na última semana, não traz informações que possam sugerir mudanças nos planos futuros do Fed. A alta apresentada pelo núcleo da inflação não encontra respostas em um possível excesso de demanda, sendo gerada por desequilíbrios pontuais e que serão revertidos já na próxima divulgação, trazendo novamente à tona o comportamento mais moderado por parte dos preços que compõem a inflação do país.”
Já Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, ainda aponta que essa tendência de moderação inflacionária perdura há alguns meses. “Se pegarmos os dados de 12 meses atrás, veremos [a inflação] na casa dos 7%, hoje o indicador está perto dos 3%. Vemos uma tendência de moderação progressiva dos preços nos EUA — isso tem se mantido e ido até melhor do que era projetado por analistas.”
Mesmo que não para esta reunião de dezembro, os investidores já apostam que os cortes no juro acontecerão no primeiro semestre de 2024. Segundo o CME, as projeções de cortes de 0,25 ponto percentual (p.p.) nos encontros de março e maio, baixando a taxa para o intervalo entre 5% e 5,25% ao ano, são de 42% e 50,3%, respectivamente. Mas nem todos acreditam que esse corte acontecerá de fato entre os dois primeiros trimestres do ano.
Em relatório, os analistas do Goldman Sachs projetam esse cenário para o terceiro trimestre. “É difícil estar muito confiante sobre o momento do primeiro corte do Fed. Tanto porque surpresas na nossa trajetória de previsão de inflação podem mudar o cronograma, quanto porque essas estimativas são planas o suficiente para que o Fomc possa, plausivelmente, dar esse primeiro passo um pouco antes ou um pouco depois do terceiro trimestre.”
A mesma linha é seguida pelo economista da CM Capital. Segundo ele, embora as projeções de corte nos juros ao final do primeiro trimestre estejam perdendo força, a redução para o início do segundo trimestre ainda soa como precipitada. “Acreditamos que um cenário mais realista seria o de redução dos juros somente a partir do segundo semestre do próximo ano, algo que parece encontrar resposta nas últimas projeções do Fomc, divulgadas em setembro, que preveem uma redução de apenas 1 p.p. nos juros dos Estados Unidos em 2024”, diz.
No mesmo compasso, Mattos afirma que a trajetória mais provável para o banco central americano será de continuar trabalhando pela estabilização de preços antes de começar a falar em corte. “Para o primeiro semestre é possível? Acredito que sim. Mas para o primeiro trimestre, muito pouco provável. O Fed vai querer ter certeza de que a estabilização de preços transcorre mais tranquilamente, porque é sempre possível que um mês ou outro tenha algum dado um pouco mais descolado, sem que a tendência se altere.”