Pregão eletrônico da BM&FBovespa: queda no rating da Irlanda tirou expectativa de alta do índice (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2011 às 16h58.
São Paulo - As incertezas envolvendo a Europa voltaram a prevalecer nos mercados hoje, o que provocou devolução de prêmios nas taxas projetadas pelos juros futuros. Os principais temores derivam da capacidade das autoridades em implementar o plano de resgate anunciado na semana passada, uma vez que os líderes ainda tentam convencer países como a China a participar do socorro. Enquanto isso, persistem as dúvidas sobre a capacidade da Itália em lidar com o cenário adverso, o que esteve refletido na disparada dos yields (retorno ao investidor) dos bônus do país.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013, com giro de 234.445 contratos, cedia a 10,29%, de 10,34% no ajuste de sexta-feira, enquanto o DI janeiro de 2014 (76.565 contratos) marcava 10,60%, de 10,64%. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (25.455 contratos) indicava 11,14%, de 11,21% no ajuste, e o DI janeiro de 2021 (5.090 contratos) recuava a 11,19%, de 11,26% na sexta-feira.
Profissionais de renda fixa dizem que o dia foi propício para a queda das taxas. A maioria das commodities está em queda e as bolsas europeias fecharam nas mínimas da sessão. No caso das matérias-primas, dois são os fatores principais para a correção de preços. A alta do dólar resultante da defesa do iene pelo Banco Central do Japão e dificuldades operacionais associadas à concordata da MF Global, que atuava como uma das 22 primary dealers do Federal Reserve e era uma das maiores corretoras de futuros de commodities do globo.
Além disso, os indicadores da zona do euro continuam apontando debilidade. O número de pessoas sem emprego na região bateu novo recorde em setembro, atingindo 10,2% da população. Em agosto, a taxa de desemprego foi de 10,1%. A previsão dos analistas era de que a taxa ficaria em 10%. Na Itália, a taxa ajustada de desemprego aumentou para 8,3% no mês passado, de 8,0% em agosto e 8,1% em setembro do ano passado. O indicador reforçou a preocupação com o país. Hoje, o yield dos bônus italianos de 10 anos subiu para 6,15%, um nível crucial porque a venda de bônus de outros governos europeus debilitados se exacerbou após romperem os 6%.
Internamente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a dizer que a política de ajustes moderados das taxas de juros é compatível com a convergência da inflação à meta em 2012 e reforçou que a tendência da inflação é de queda. "Após alcançar o nível máximo no terceiro trimestre, a inflação acumulada em 12 meses começa a recuar a partir de outubro, e, assim, a se deslocar na trajetória de metas", afirmou. E, ainda que de forma moderada, as expectativas voltaram a apresentar melhora no Boletim Focus divulgado hoje. Pela segunda semana seguida, o mercado financeiro reduziu as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012. A mediana das previsões para o IPCA em 2012 caiu de 5,60% para 5,59%.