Bovespa: ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro janeiro de 2014 (246.660 contratos) marcava 9,22%, de 9,16% no ajuste anterior (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 17h06.
São Paulo - O dólar voltou a ditar o ritmo das taxas futuras de juros nesta segunda-feira, 26. Diante da valorização da moeda dos Estados Unidos sobre o real, os juros também subiram, sem alterar, no entanto, as apostas para o encontro desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), que seguem majoritariamente em um aumento de 0,50 ponto porcentual da Selic.
A percepção geral é que, após o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, ter falado em "excesso de prêmios" na curva de juros, não há espaço para uma decisão diferente da precificada pelo mercado.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro janeiro de 2014 (246.660 contratos) marcava 9,22%, de 9,16% no ajuste anterior.
O vencimento para janeiro de 2015 (401.485 contratos) indicava taxa de 10,34%, de 10,24% na sexta-feira. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (183.015 contratos) apontava 11,52%, ante 11,44%. O DI para janeiro de 2021 (apenas 1.465 contratos) estava em 11,81%, de 11,76% no ajuste anterior.
"Os juros acompanham o dólar, mas sem tirar do preço a referência ao excesso de prêmios feita por Tombini. O mercado pode até achar que a Selic deveria subir mais, mas a comunicação do BC deixou claro que isso não ocorrerá, por ora", afirmou um operador.
De acordo com outro profissional da área de renda fixa, o BC deve manter o ritmo de alta da Selic em 0,50 ponto porcentual e, inclusive, repetir o comunicado que acompanha a decisão, dando a entender que o ciclo de aperto monetário terá continuidade.
A pesquisa Focus divulgada nesta manhã pelo BC embute projeção de alta de 0,50 ponto porcentual da Selic nesta semana, em linha com a unanimidade dos analistas ouvidos pelo AE Projeções na semana passada.
Para o fim de 2013, o boletim do BC trouxe revisão em alta na projeção do juro básico, de 9,25% para 9,50%, enquanto instituições consultadas pelo serviço especializado da Agência Estado veem a Selic entre 9% e 10% no fim deste ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante evento em São Paulo, falou sobre uma série de temas, incluindo câmbio e inflação. Ele voltou a advertir investidores que o "câmbio flutua em ambas as direções e isso pode levar à perda de dinheiro". "Até poderíamos impedir flutuação cambial, mas é melhor o mercado encontrar equilíbrio", afirmou Mantega.
Com mais uma operação de swap cambial do BC, o dólar à vista no balcão terminou cotado a R$ 2,3880, com valorização de 1,36%. Mantega, por sinal, também disse que o impacto do câmbio na inflação ainda é pequeno. "Não sei se o câmbio terá ou não impacto na Selic. Só o Banco Central pode responder", comentou o ministro.
No exterior, o resultado das encomendas de bens duráveis nos EUA em julho ajudou na queda dos juros dos títulos da dívida do Tesouro norte-americano, os chamados Treasuries, o que também impediu um avanço mais consistente das taxas domésticas.