Às 9h55, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,26%, de 7,31% no ajuste da sexta-feira (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 10h38.
São Paulo - A desoneração da cesta básica, anunciada na noite de sexta-feira (08) pela presidente Dilma Rousseff, enfraquece apostas em uma alta da Selic já em abril e determina queda das taxas futuras na abertura dos negócios desta segunda-feira, apesar da piora nas expectativas do mercado financeiro.
Nesta manhã, o boletim Focus do Banco Central trouxe revisões para cima nas estimativas dos analistas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e para a Selic no fim de 2013. Porém, a pesquisa não captou a desoneração.
Às 9h55, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,26%, de 7,31% no ajuste da sexta-feira, e o DI com vencimento em janeiro de 2014 apontava 7,87%, de 7,96% no ajuste anterior.
O contrato para janeiro de 2015 tinha taxa de 8,59%, ante 8,66%. Entre os contratos mais longos, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,23%, ante 9,26% na sexta-feira (08).
"A Focus veio ruim, mas o mercado lê que ela está atrasada", disse o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. Segundo ele, a pesquisa já contempla o IPCA de fevereiro, de 0,60%, divulgado na sexta-feira. "O sistema utilizou o IPCA de fevereiro no cálculo", disse. Quanto à cesta básica, a notícia foi divulgada após o fechamento dos mercados. Para ele, a desoneração ficou "dentro do previsto".
Na avaliação do gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, "o mercado exagerou muito para cima na sexta-feira e, com a notícia sobre a cesta básica, há devolução da alta". "Mas a queda não será tão grande", previu, ressaltando que, além da piora das expectativas na pesquisa Focus, a medida terá um custo fiscal. "Contas públicas e números fiscais tendem a piorar", disse.
A isenção de impostos federais em todos os produtos da cesta básica representa uma renúncia fiscal de R$ 7,386 bilhões por ano.
Durante o anúncio, a presidente Dilma disse que espera "contar com os empresários" para que isso signifique uma redução de pelo menos 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga, do óleo de cozinha, e de 12,5% nas pastas de dentes, nos sabonetes, entre outros. Hoje, às 16 horas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se com empresários e representantes do setor de supermercados e do comércio varejista para cobrar o repasse imediato ao consumidor.
No boletim Focus, os economistas consultados elevaram a previsão para a taxa básica de juros de 7,25% para 8,00% ao ano ao fim de 2013. Essa projeção não era alterada há 16 semanas.
Para o fim de 2014, a mediana das projeções seguiu em 8,25% ao ano. Ainda de acordo com a pesquisa, a projeção para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril seguiu em 7,25% ao ano, indicando estabilidade. Os economistas projetam alta da Selic a partir de outubro (0,50 ponto porcentual).
Para o IPCA em 2013, a mediana das projeções subiu de 5,70% para 5,82%. Já para 2014, seguiu em 5,50%. O índice para março passou de 0,43% para 0,45%, enquanto para abril saiu de 0,51% para 0,50%.
A expectativa para o IPCA 12 meses à frente, por sua vez, passou de 5,62% para 5,51%. A previsão para o crescimento do PIB neste ano avançou de 3,09% para 3,10%, e para o PIB do ano que vem recuou de 3,65% para 3,50%.
Mais cedo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação da cidade de São Paulo, da primeira quadrissemana de março.
O IPC subiu 0,06%, o que representa desaceleração ante a última leitura de fevereiro (0,22%) e ante a primeira medição do mês passado (1,01%). A taxa ficou levemente acima da mediana das estimativas (0,05%), com base no intervalo de -0,01% a 0,15% apurado pelo AE Projeções.