Ao final da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 marcava 7,35%, ante o ajuste de 7,34% de sexta-feira (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2012 às 17h49.
São Paulo - Nem mesmo a aceleração do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), de 0,69% em junho para 1,52% em julho, conseguiu dar uma direção mais consistente para as taxas dos contratos futuros de juros. Em uma sessão marcada pela baixa liquidez e por certo otimismo no exterior, as taxas dos DIs oscilaram em margens estreitas e encerraram a segunda-feira muito próximas dos ajustes de sexta-feira, em leve alta. Já o relatório Focus, divulgado pela manhã, revelou uma situação incomum: a mediana das expectativas dos economistas que abastecem o boletim já indica uma Selic de 7,25% no fim do ano, enquanto as apostas na curva a termo seguem divididas entre taxa de 7,25% e de 7,00%.
Ao final da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (21.335 contratos) marcava 7,35%, ante o ajuste de 7,34% de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2014 (71.210 contratos) estava em 7,79%, ante 7,78% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (16.615 contratos) tinha taxa de 9,05%, ante ajuste de 9,02%, e o DI para janeiro de 2021 (5.890 contratos) marcava 9,60%, ante 9,58%.
A baixa liquidez fica clara quando se comparam os dados de hoje com o número de contratos negociados na sexta-feira: 113.042 contratos para janeiro de 2013; 268.384 para janeiro 2014; 40.805 para janeiro de 2017; 8.320 para janeiro 2021.
"O mercado está aguardando alguma notícia mais nova em relação à crise da dívida na Europa", comentou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno. Além disso, como é de costume, os investidores ficarão atentos às indicações do Banco Central brasileiro sobre o andamento da política monetária.
O relatório Focus desta segunda-feira apontou alta das projeções do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012, de 4,98% para 5,00%. A previsão para 2013 foi mantida em 5,50%. Ao mesmo tempo, o mercado reduziu de 1,90% para 1,85% a expectativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e de 4,05% para 4,00% no ano que vem. Essas indicações opostas - de uma inflação mais alta e um PIB menor - não fizeram preço na curva a termo.
O mesmo vale para a Selic do fim de 2012 projetada na Focus, que passou de 7,50% para 7,25%. Na curva, o mercado segue precificando corte da taxa básica de 0,50 ponto porcentual na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom) e divisão das apostas para o encontro seguinte, de outubro, entre manutenção e baixa adicional de 0,25 ponto. O cenário chama a atenção porque, tradicionalmente, os operadores costumam precificar com clareza, de forma majoritária, posições que, tempos depois, são traduzidas na Focus. Neste momento, na prática, enquanto os analistas já veem (como demonstra a Focus) uma Selic de 7,25% no fim do ano, os operadores ainda têm dúvidas sobre isso.
A inflação medida pelo IGP-DI mais que dobrou de junho para julho (de 0,69% para 1,52%), mas não definiu um rumo mais claro para os DIs. A taxa de julho ficou acima da mediana das estimativas colhidas pelo AE Projeções, de 1,46%, mas dentro do intervalo esperado, de 1,35% a 1,75%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA-DI) subiu 2,13% no mês passado, após registrar alta de 0,89% em junho, sendo o principal motivo para a elevação do IGP-DI.
"Tivemos inflação mais alta, pressão no IPA, mas nada demais. A pressão no IPA não assusta", comentou Paulo Petrassi, gerente de renda fixa da Leme Investimentos. "Se a pressão fosse no IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o mercado estaria mais preocupado."