Bovespa: mercado aposta que a taxa básica de juros vai a um dígito ao final desde ciclo de afrouxamento monetário (Bovespa/Divulgação)
Reuters
Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 10h55.
Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 16h48.
São Paulo - As taxas dos contratos futuros de juros despencaram nesta quinta-feira, após o Banco Central surpreender e reduzir mais que o esperado a Selic, com os DIs indicando apostas de que a taxa básica de juros vai a um dígito ao final desde ciclo de afrouxamento monetário. Até a véspera, era esperado que a Selic iria a 10,25 por cento.
"O BC entendeu que podia antecipar o processo de cortes ainda mais robustos. Foi uma resposta mais enérgica ao cenário de inflação baixa hoje, inflação ancorada no médio prazo e atividade muito fraca", destacou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.
Na noite passada, o BC surpreendeu ao reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, intensificando o ritmo de afrouxamento monetário para além do esperado pelo mercado diante de sinais de retomada econômica mais demorada após dois anos de profunda recessão.
O ciclo de distensão monetária foi iniciado em outubro, com dois cortes de 0,25 ponto percentual cada na Selic até então.
Segundo operadores, a curva a termo embutia um ciclo de 3,25 pontos percentuais de diminuição da Selic neste ano que, se confirmado, levará a taxa para 9,75 por cento.
Para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro, os DIs indicavam novo corte de 0,75 ponto.
"Por ora, o cenário externo não impediu que o BC cortasse a taxa em 0,75 ponto. Mas o BC tem outras reuniões para tomar suas decisões e ajustar o passo se necessário", comentou o gestor de recursos da Spinelli Correetora, Chow Juei.
A taxa do DI com vencimento em janeiro de 2018, por exemplo, fechou com baixa de 0,335 ponto percentual, a 11 por cento ao ano, enquanto que o contrato para janeiro de 2021 recuou 0,34 ponto, a 10,77 por cento.
Se o BC mantiver o passo de diminuição da Selic em 0,75 ponto percentual nos próximos encontros, a taxa básica cairia a um dígito em setembro.
Em segundo plano, o recuo dos rendimentos dos Treasuries nesta sessão e do dólar ante o real reforçaram a trajetória de baixa dos DIs, sobretudo no trecho mais longo.