A presidente Dilma Rousseff sinalizou, na visão de operadores, que o BC deve mesmo subir a Selic (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2013 às 17h44.
São Paulo - As taxas futuras de juros de curto prazo operaram nesta terça-feira perto da estabilidade ao longo de todo o pregão e terminaram com leve viés de alta, enquanto as intermediárias e longas sustentaram sinal de baixa.
Segundo profissionais da área de renda fixa, a maior parte dos investidores acredita em um aumento de 0,5 ponto porcentual da Selic, mas o fato de não haver consenso contribuiu para evitar novas altas mais firmes dos juros nesta véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).
O IGP-10 de abril abaixo do piso das estimativas também ajudou a impedir apostas mais agressivas, mas a presidente Dilma Rousseff sinalizou, na visão de operadores, que o BC deve mesmo subir a Selic. Além disso, o mercado também parece ter digerido o susto com o atentado desta segunda-feira (15) em Boston.
Ao término da negociação normal na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 (1.221.330 contratos) marcava 7,63%, de 7,60% no ajuste anterior. O DI com vencimento em janeiro de 2014 (572.920 contratos) apontava máxima de 8,23%, de 8,21% ontem. O juro com vencimento em janeiro de 2015 (499.845 contratos) indicava 8,66%, de 8,70% antes. O contrato com vencimento em janeiro de 2017 (156.270 contratos) marcava 9,25%, ante 9,27% na véspera, e o DI para janeiro de 2021 (5.485 contratos) estava em 9,70%, ante 9,71% no ajuste. A curva de juros precifica alta de cerca de 44 pontos para a Selic nesta quarta-feira (17).
"As declarações da presidente Dilma hoje parecem ir ao encontro de uma alta de juros. Por isso, o mercado segue apostando majoritariamente em um aperto de 0,5 ponto", afirmou o estrategista-chefe do Banco WestLB no Brasil, Luciano Rostagno. "Mas ao dizer que o juro não subirá aos patamares anteriores, Dilma fez parte do mercado acreditar que a alta será mais gradual", ponderou um operador ao justificar que parte das apostas sigam em uma elevação de 0,25 ponto porcentual da Selic.
Em evento em Belo Horizonte, a presidente Dilma afirmou que o governo não negociará a inflação. "Nós não teremos o menor problema em atacá-la sistematicamente. Nós queremos que esse País se mantenha estável. Porque a inflação corrói o tecido social, corrói para o empresário seu lucro legítimo. Isso nós não podemos mais deixar voltar ao Brasil", afirmou ela. Ainda de acordo com a presidente, "qualquer necessidade de combate à inflação" poderá ser feito em um patamar de juro "bem menor" do que o visto anteriormente.
Mas a incerteza do mercado sobre o início e intensidade do ciclo de aperto monetário pode ser vista em duas declarações dadas nesta terça-feira à Agência Estado.
O chefe de Pesquisa para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, disse esperar que o Banco Central comece a fazer a "coisa certa" a partir desta quarta-feira (17). "O uso das políticas fiscais está esgotado e não podemos contar com o câmbio para controlar a inflação, portanto, espero que a coisa certa seja feita a partir de amanhã."
O diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, por sua vez, lembrou que o termo "cautela" foi repetido uma dezena de vezes nos últimos meses pela autoridade monetária. "Ninguém migra de cautela reiterada dez vezes para um comportamento de falcão em cinco minutos. Seria imensamente incoerente um movimento mais abrupto com tudo que foi dito sobre cautela e incertezas", avaliou.
Entre os indicadores de inflação conhecidos nesta terça-feira, houve desaceleração. O IGP-10 subiu 0,18% em abril, após avanço de 0,22% em março, ficando abaixo do piso das estimativas, de +0,25%. A inflação medida pelo IPC-S, por sua vez, ficou em 0,65% na segunda quadrissemana de abril. Na primeira leitura do mês, a taxa havia sido de +0,71%.