"Os dados de emprego seguraram a queda dos juros mais curtos. Mas a atividade está horrível e a inflação corrente, muito comportada. O mercado está vendo que não há muito mais espaço para alta de juros", afirmou Paulo Petrassi (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 16h59.
São Paulo - O noticiário, sobretudo doméstico, continuou trazendo informações divergentes, o que fez as taxas futuras de juros de curto prazo terminarem nesta terça-feira, 23, perto dos ajustes anteriores.
Os juros intermediários e longos, por sua vez, seguiram em queda, diante da desvalorização do dólar e dos números melhores do setor externo doméstico. Pela manhã, todos os vencimentos operaram em baixa, diante da deflação vista no IPC-S e da queda na confiança do consumidor. No começo da tarde, a criação de vagas de emprego acima do previsto em junho, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, apagou o recuo dos juros mais curtos.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para outubro de 2013 (46.170 contratos) estava em 8,426%, de 8,423% ajuste anterior. O DI para janeiro de 2014 (210.615 contratos) marcava máxima de 8,74%, igual à véspera. O vencimento para janeiro de 2015 (402.715 contratos) indicava taxa de 9,28%, de 9,35%. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (247.160 transações) apontava 10,23%, ante 10,33% na véspera, enquanto o DI para janeiro de 2023 (15.055 contratos) estava em 10,62%, de 10,84% no ajuste anterior.
"Os dados de emprego seguraram a queda dos juros mais curtos. Mas a atividade está horrível e a inflação corrente, muito comportada. O mercado está vendo que não há muito mais espaço para alta de juros", afirmou o sócio gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.
O saldo líquido de empregos formais gerado em junho foi de 123.836 vagas. O resultado de junho veio acima do teto das previsões dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de 120 mil. Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a confiança do consumidor caiu 4,1% em julho, na comparação com junho, para 108,3 pontos, o menor nível desde maio de 2009 (103,6 pontos). Os motivos foram a percepção de inflação alta e as manifestações de rua, segundo a entidade.
A esse cenário de atividade acrescenta-se a inflação corrente comportada. O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) mostrou queda de 0,11% na terceira quadrissemana de julho, segundo a FGV. O resultado ficou 0,18 ponto porcentual abaixo do registrado na segunda quadrissemana de julho, quando o índice subiu 0,07%. Foi a primeira deflação desde agosto de 2011.
Nesse ambiente, a queda do dólar ante o real, em linha com o exterior, também ajudou no recuo dos juros ao longo de boa parte da sessão. Além disso, os dados do setor externo minimizaram os temores em relação à situação desta contas. Segundo o BC, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) somou US$ 7,17 bilhões em junho, acima das projeções. O déficit em transações correntes, por sua vez, totalizou US$ 3,953 bilhões no mês passado, resultado melhor do que o piso esperado pelos analistas. O dólar à vista terminou com queda de 0,54%, a R$ 2,2240.