Copom: cresceram apostas em uma nova alta de 0,50 ponto porcentual para a Selic em outubro, uma vez que tal magnitude é dada como certa para encontro do Copom no fim do mês (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2013 às 16h56.
São Paulo - Com o dólar em alta e ainda repercutindo as declarações da véspera do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Carlos Hamilton, as taxas futuras de juros voltaram a subir nesta terça-feira.
Cresceram as apostas em uma nova alta de 0,50 ponto porcentual para a Selic em outubro, uma vez que tal magnitude é dada como certa para o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim deste mês. Além disso, o avanço dos juros dos títulos da dívida dos Estados Unidos (Treasuries) foi outro fator a impulsionar as taxas domésticas, sobretudo, as de longo prazo.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro janeiro de 2014 (132.245 contratos) marcava 8,95%, de 8,90% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2015 (534.605 contratos) indicava taxa máxima de 9,88%, de 9,72% na véspera. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (180.035 contratos) apontava 11,19%, ante 10,95%.
O DI para janeiro de 2021 (180.035 contratos) estava em 11,19%, também na máxima, de 11,44% no ajuste anterior. Por enquanto, a curva a termo embute chance de quase 50% de a Selic subir 0,50 ponto também em outubro.
"As palavras de Hamilton foram na direção de um aperto monetário mais longo, o que puxa os juros. Além disso, temos um dólar flertando com R$ 2,31 e, por ora, o BC mantém sua nova estratégia, de atuar apenas quando o real está valorizando", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Segundo ele, chamou a atenção o fato de o diretor do BC ter contrariado as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da presidente Dilma Rousseff.
Hamilton declarou que as políticas fiscal e parafiscal são expansionistas, enquanto Mantega havia dito na semana passada que o fiscal é neutro. Ainda segundo o diretor do BC, a inflação de julho, de apenas +0,03%, foi um ponto fora da curva, ainda há riscos inflacionários e as taxas do IPCA tendem a ser maiores nos próximos meses.
De qualquer forma, Hamilton deixou claro mais uma vez que o dólar ajudará a direcionar as decisões do BC. Ele afirmou que há repasse cambial para os preços e chegou a dizer que seria "ilusão falar na sua não existência". Logo depois, reafirmou que a autoridade monetária faz uma condução adequada na política monetária como mitigador dos riscos trazidos pela depreciação do câmbio. Nesta sessão, o dólar à vista no mercado de balcão superou a marca de R$ 2,31 à tarde, mas terminou com alta de 0,96%, cotada a R$ 2,309.
Em meio às incertezas quanto aos próximos passos da autoridade monetária no Brasil, os investidores viram ganhar força a corrente que acredita em redução de estímulos no curto prazo nos EUA. Isso devido ao resultado das vendas no varejo norte-americano em julho. Nesse ambiente, o juro do T-note de 10 anos superou a marca de 2,70%.