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Juros avançam com preocupação sobre rumos da inflação

A pesquisa Focus mostrou manutenção na mediana das projeções para a inflação oficial em 2013, em 5,71%


	Às 9h48, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,16%, na máxima, de 7,15% no ajuste da sexta-feira
 (Marcel Salim/EXAME.com)

Às 9h48, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,16%, na máxima, de 7,15% no ajuste da sexta-feira (Marcel Salim/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2013 às 10h30.

São Paulo - Os juros futuros retornam do feriado prolongado de Páscoa pressionados, refletindo preocupações com a alta de preços e com a autonomia do Banco Central, ainda na esteira de acontecimentos da semana passada.

Nesta segunda-feira saiu a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) de março, levemente abaixo da mediana das estimativas, mas bem acima de fevereiro. No boletim Focus do Banco Central, houve alterações para cima nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

"A Focus veio ruim", avaliou o gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

Segundo ele, a curva de juros também reflete um ambiente de "desconfiança" em relação à autonomia do Banco Central, sentimento que vem sendo alimentado, desde a semana passada, por declarações da presidente Dilma Rousseff, de que não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico e que continua sendo discutido nesta segunda-feira nas mesas de renda fixa.

Vale lembrar que, também na semana passada, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, esclareceu que não há tolerância no governo com a inflação. "O que posso assegurar a vocês é que se e quando for preciso usar o instrumento de política monetária para o controle da inflação isso ocorrerá. Como tenho afirmado inúmeros vezes nas últimas quatro ou cinco semanas", disse.

Às 9h48, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,16%, na máxima, de 7,15% no ajuste da sexta-feira.


O contrato para janeiro de 2014 marcava 7,79%, ante 7,77%. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 projetava 8,51%, de 8,49% no ajuste anterior. Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,42%, de 9,39%, e o DI para janeiro de 2021 projetava 10,05%, ante 9,99%.

A pesquisa Focus mostrou manutenção na mediana das projeções para a inflação oficial em 2013, em 5,71%. Já a previsão para o IPCA em 2014 subiu de 5,60% para 5,68%. A projeção suavizada do IPCA 12 meses à frente avançou levemente de 5,42% para 5,43% e as previsões para o IPCA para março e abril foram mantidas em 0,50% e 0,40%, respectivamente.

O IPC-S subiu 0,72% em março, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que representa uma aceleração da alta de preços na comparação com a última leitura de fevereiro (+0,33%).

No sábado, o governo federal anunciou a manutenção da alíquota reduzida do IPI para automóveis e caminhões até 2014, o que representa uma renúncia fiscal adicional de R$ 2,2 bilhões de abril a dezembro deste ano em relação ao que já estava programado.

"A isenção do IPI para automóveis reforça a percepção de que o governo vai usar todos os seus instrumentos para evitar uma alta de juros", avaliou o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno.

Petrassi, da Leme, explicou que, ainda que a desoneração possa trazer viés de baixa para as taxas com vencimento no curtíssimo prazo, impulsiona as taxas longas, porque transfere o problema da inflação para mais à frente. "Os DIs longos disparam", afirmou.

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