O giro financeiro foi de R$ 4,647 bilhões (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2012 às 17h18.
São Paulo - Os investidores reduziram na sexta-feira as apostas de que o atual ciclo de corte da Selic possa se prolongar até a reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Notícias de que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, vai propor uma série de medidas para resgatar os países em dificuldades na zona do euro ampliaram o otimismo em todo o mundo. No Brasil, as taxas dos DIs, que já subiam de forma consistente pela manhã, passaram a renovar máximas à tarde, com a curva a termo de juros precificando um corte de 0,50 ponto porcentual em agosto, para 7,50%, e diminuindo as chances de nova baixa de 0,25 ponto em outubro.
Ao fim da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (373.740 contratos) marcava 7,41%, na máxima, ante 7,38% do ajuste da véspera. A taxa do DI para janeiro de 2014 (465.670 contratos) estava em 7,86%, ante 7,74% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (161.300 contratos) tinha taxa de 9,09%, ante 8,92%, e o DI para janeiro de 2021 (10.965 contratos) marcava 9,70%, ante 9,52%.
A pressão de alta foi disparada por informações de que Draghi se reunirá nos próximos dias com o presidente do Bundesbank (o banco central alemão), Jens Weidmann, e de que o presidente do BCE busca apoio para medidas que incluam a retomada das compras de títulos da dívida da Espanha e da Itália, um corte de juros e uma nova operação de refinanciamento de longo prazo do sistema bancário da zona do euro.
Na prática, a perspectiva de uma solução para a zona do euro reduz a expectativa de que, no futuro próximo, o Banco Central do Brasil seja compelido a prolongar o ciclo de cortes da Selic até outubro. "O raciocínio é que, se finalmente as autoridades da Europa vierem com a 'bazuca' para enfrentar a crise, isso evitaria a piora dos mercados e um cenário mais complicado para a economia", comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. "As notícias de hoje trazem certo otimismo para o mercado."
O otimismo, segundo Flávio Serrano, economista sênior do Besi Brasil, refletiu-se na curva a termo. "A probabilidade de um corte de juros em outubro é muito baixa, de menos de 10 pontos precificado", calculou Serrano à tarde. "O movimento de hoje praticamente eliminou essa possibilidade (de corte de 0,25 ponto em outubro)."
Mais cedo, o mercado recebia bem as declarações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, François Hollande, de que fariam o possível para proteger a zona do euro, em linha com a fala de Draghi na quinta-feira. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que cresceu 1,5% no segundo trimestre do ano, na margem, superou a previsão de alta de 1,3% e também reduziu a aversão ao risco. Já o sentimento do consumidor norte-americano, medido pela Universidade de Michigan, caiu para 72,3 em julho, mas ficou acima dos 72 esperados.
Em Londres, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que, nas próximas semanas, devem ser anunciadas reformas para elevar a competitividade do Brasil e citou que, em breve, haverá redução do imposto sobre a energia. Ainda na capital britânica, a presidente Dilma Rousseff cobrou a geração de empregos na indústria e disse que os incentivos dados a diferentes setores devem ser acompanhados pelo compromisso de criação de empregos. "Esse é o único motivo pelo qual existe o incentivo", mencionou Dilma. Essas declarações também contribuíram para a alta dos juros, embora o exterior tenha prevalecido.