"Como a inflação está comportada e a atividade está em marcha lenta, os investidores acham que os juros curtos estão bem precificados, indicando uma Selic de cerca de 9,25% no fim deste ano", afirmou um operador (Paulo Fridman/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2013 às 17h19.
São Paulo - As taxas futuras de curto prazo voltaram a terminar perto dos ajustes anteriores, em meio ao cenário de inflação comportada, conforme reforçou o IPC-Fipe nesta quinta-feira, 24. No trecho intermediário e longo da curva de juros, no entanto, o dia foi de alta, em reação ao avanço do dólar e das taxas dos títulos dos Tesouro dos Estados Unidos, os chamados Treasuries, na maior parte do pregão.
Nos minutos finais, o dólar se alinhou ao exterior e passou a cair, ao passo que os juros dos Treasuries seguiram pelo mesmo caminho, em reação à análise de um colunista do Wall Street Journal, de que a instituição manterá os estímulos no encontro da próxima semana e que gatilhos menores para desemprego e inflação são opções para diretrizes do BC dos EUA. Os dois fatos reduziram sensivelmente o avanço dos juros mais longos, mas não apagaram completamente o movimento.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para janeiro de 2014 (75.575 contratos) marcava 8,76%, igual ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2015 (199.130 contratos) indicava taxa de 9,34%, também idêntica à véspera. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (249.305 transações) apontava 10,46%, ante 10,36% na véspera e máxima intraday de 10,56%. O DI para janeiro de 2023 (9.255 contratos) estava em 11,02%, de 10,90% no ajuste anterior e máxima de 11,14%.
"Como a inflação está comportada e a atividade está em marcha lenta, os investidores acham que os juros curtos estão bem precificados, indicando uma Selic de cerca de 9,25% no fim deste ano", afirmou um operador.
"Por isso, essas taxas têm se movido pouco. Os intermediários e longos, por sua vez, reagem em alta a todas as incertezas sobre a economia doméstica e internacional", continuou, citando os possíveis efeitos do dólar sobre a inflação.
Pela manhã, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou que o IPC na cidade de São Paulo teve deflação de 0,16% na terceira quadrissemana de julho, ante alta de 0,01% na leitura anterior. O resultado ficou abaixo da mediana encontrada pelo AE Projeções, de -0,09%, e quase no piso das estimativas, de -0,17%.
O dólar ante o real no mercado à vista de balcão, após passar quase todo o dia em alta, caiu 0,27% no fim, cotado a R$ 2,2440.
Em meio a isso, o combate à alta de preços pode ganhar força com outra medida. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo considera reduzir tarifas de importação. Ele disse que tarifas mais baixas podem contrabalançar o impacto da depreciação cambial e que tais cortes ajudarão a combater a inflação, de acordo com entrevista à agência de notícias Dow Jones.