As taxas de Juros DI caíram nesta quinta-feira (Marcel Salim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2011 às 17h57.
São Paulo - Os fracos indicadores de atividade nos Estados Unidos, as incertezas sobre a capacidade de refinanciamento das dívidas de países de baixo dinamismo econômico na Europa e a revisão para baixo do crescimento global por parte de várias instituições provocou forte devolução de prêmios no mercado futuro de juros, que já precifica corte na taxa Selic ainda para este ano.
Segundo operadores, até então a redução da taxa básica de juros estampada na curva a termo era mais técnica. Com o recuo de hoje, os contratos futuros de depósito interfinanceiro (DI) refletem um corte de pelo menos 1 ponto porcentual na Selic até o fim de 2012. O quadro externo fez os investidores simplesmente ignorarem o avanço do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10), de -0,12% em julho para 0,20% em agosto, anunciado hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada no DI de janeiro de 2012 (629.015 contratos negociados) recuava a 12,11% ao ano, de 12,25% no ajuste de ontem, enquanto o DI de janeiro de 2013 cedia de 11,75% para 11,51% ao ano, com 669.685 contratos negociados. Nos vencimentos longos, o DI de janeiro de 2017 (50.085 contratos negociados) saiu de 11,64% para 11,49% ao ano, após ter cravado a mínima de 11,38% ao ano. O DI de janeiro de 2021 (19.210 contratos negociados) cedia para 11,47% ao ano, de 11,60% ontem no ajuste e de uma mínima de 11,37%.
De acordo com o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, a curva a termo já precifica uma redução de até 0,50 ponto porcentual na Selic ainda em 2011. "Como parte dessa precificação é técnica, podemos dizer que há chances reais de um corte de 0,25 ponto neste ano. Para 2012, a curva já precifica um corte superior a 0,75 ponto porcentual", afirmou.
No vencimento de DI de outubro de 2011 (409.105 contratos), mais sensível à próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa projetada caiu a 12,33% ao ano, de 12,38% no ajuste, mesmo com os dados de inflação de hoje. Amanhã, o IBGE divulga o IPCA-15 de agosto, que deve ficar entre 0,13% e 0,27%, segundo levantamento do AE Projeções. "Mas se o clima externo continuar como está hoje, esse será mais um dado de inflação ignorado pelos investidores, pois não reflete o que pode acontecer daqui para a frente", afirmou um operador.