São Paulo - As ações brasileiras caíram para os menores preços já registrados em relação aos títulos do governo, sinalizando que uma disparada pode estar a caminho após medidas de estímulo e cortes do juro básico para impulsionar o crescimento econômico.

Os lucros das componentes do Ibovespa equivalem a 8,1 por cento dos preços de fechamento das ações ontem, em comparação com uma taxa de 8,2 por cento das Letras do Tesouro Nacional com prazo de dois anos, de acordo com dados da Bloomberg. A diferença aumentou em relação a 300 pontos-base negativos, ou 3 pontos percentuais, em meados de 2011. Em 28 de junho, o spread era de 80 pontos-base, o maior já atingido.

Essa relação entre os resultados e o preço da ação -- conhecida como earnings yield -- disparou depois que o Ibovespa acumulou uma queda de 18 por cento desde a máxima deste ano, atingida em 13 de março.

Receios de desaquecimento econômico no País, mesmo após a queda do juro básico para a mínima histórica de 8 por cento, influenciaram o desempenho do índice. A taxa resultados/lucro da Eletropaulo Metropolitana SA ficou em 43 por cento, a mais alta entre os 67 componentes do Ibovespa.

“Não faz nenhum sentido que o desempenho do mercado esteja tão ruim com os juros em baixa recorde”, disse Wagner Salaverry, que ajuda a administrar R$ 5,5 bilhões na Geração Futuro Corretora de Valores SA, em entrevista por telefone de Porto Alegre. “Pelo que sabemos hoje como as empresas estão indo, as ações parecem baratas.”

Das 19 empresas do Ibovespa que apresentaram resultados do segundo trimestre até ontem e tiveram estimativas acompanhadas pela Bloomberg, nove divulgaram lucros que superaram as previsões de analistas.