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Juntas, BRF e Marfrig teriam menos da metade do tamanho da JBS

Juntas, as fabricantes de alimentos seriam as segundas mais valiosas no Brasil e teriam o quarto lugar no mundo

Planta de suínos da BRF  (BRF/Divulgação)

Planta de suínos da BRF (BRF/Divulgação)

TL

Tais Laporta

Publicado em 30 de maio de 2019 às 19h41.

Última atualização em 30 de maio de 2019 às 19h49.

Juntas, as fabricantes de alimentos BRF e Marfrig passariam a ter um valor de mercado de R$ 27,7 bilhões com a possível fusão entre ambas, segundo a provedora de informações financeiras Economatica, a partir de dados do fechamento desta quinta-feira (30). O negócio foi anunciado após o pregão.

Para a Marfrig, seria um ganho de mais de cinco vezes em valor de mercado. O frigorífico vale hoje R$ 4,1 bilhões, bem abaixo da BRF, com R$ 23,5 bilhões. Pela proposta, a nova empresa teria 85% de BRF e 15% de Marfrig.

Ainda com a fusão, se ocorresse hoje, as duas companhias teriam valor de mercado de menos da metade de sua maior concorrente no Brasil, a processadora de carnes JBS, avaliada em R$ 59,3 bilhões. A JBS vem se beneficiando de uma forte valorização na bolsa -- seus papeis valorizaram 140% nos últimos 12 meses. A BRF, por sua vez, valorizou 24% nos últimos 12 meses.

Entre os players internacionais, a fusão BRF/Marfrig faria seu valor de mercado em dólares subir a US$ 6,9 bilhões, de acordo com a Economatica – tornando-se assim a quarta mais valiosa do mundo no segmento de carnes, ao ultrapassar a Pilgrims Pride Corp, avaliada em US$ 6,4 bilhões.

Em faturamento, BRF e Marfrig somadas chegariam a R$ 76 bilhões, com dados de 2018, ante 181 bilhões de reais da JBS. Ou seja: menos da metade das vendas da principal concorrente.

Saúde financeira das duas empresas

De um lado, a BRF vem de uma grande reviravolta, com a chegada de Pedro Parente à presidência do conselho, em abril de 2018, para pacificar uma companhia com acionistas em pé de guerra. Parente, ex-presidente da Petrobras, tinha a missão de elaborar um plano de reestruturação da empresa, após os desdobramentos catastróficos da Operação Carne Fraca, da greve dos caminhoneiros e de uma sucessão de erros de gestão.

Em um ano, a empresa fez muito, mas segue nas cordas. Parente anunciou um plano de vender R$ 5 bilhões  em ativos. Vendeu operações na Argentina, Tailândia, Várzea Grande (MT) e suas fábricas de processamento de alimentos e abate de aves na Europa. Acabou arrecadando 4,1 bilhões de reais com todas as operações, mas segue com endividamento elevado, de 5,6 vezes a geração de caixa no primeiro trimestre.

Os resultados operacionais, que estavam ruins, pioraram. Em 2017 a BRF teve o primeiro prejuízo de sua história, de 1,1 bilhão de reais. Em 2018, dona das marcas Sadia e Perdigão anunciou prejuízo de 4,5 bilhões de reais em 2018 e margem operacional de 7,6%, queda de 1 ponto porcentual, abaixo da previsão de analistas.

Marfrig, por sua vez, passou por um redirecionamento estratégico para focar em carne bovina. Em junho de 2018, adquiriu o controle da norte-americana National Beef, e se tornou a a segunda maior empresa de carne bovina do mundo, atrás da JBS. Em dezembro, comprou o controle da QuickFood, líder na produção de alimentos derivados de carne bovina na Argentina. Ainda comprou da BRF uma fábrica de processados em Várzea Grande, no Mato Grosso.

Em novembro, vendeu sua subsidiária Keystone, com foco em processamento de carne de frango. Agora, deve unir suas operações com uma companhia que tem tudo o que ela tratou de vender nos últimos anos — sem que consiga ganhar dinheiro com esses negócios. 

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