São Paulo - As ações da JBS (JBSS3) dispararam 18,64% na semana terminada ontem (13) e lideraram os ganhos entre todos os 59 papéis do Ibovespa no período. Foi a melhor semana da companhia na Bolsa em 2016.
Por trás desse desempenho está a reestruturação societária anunciada na quinta-feira (12), que deixou em segundo plano o prejuízo de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano.
A intenção da JBS é criar uma nova empresa com sede na Irlanda e listada na Bolsa de Valores de Nova York. A nova companhia vai se chamar JBS Foods International, incorporando os negócios da JBS S/A no exterior e da Seara Alimentos.
Aqui no Brasil, as unidades de carne bovina, biodiesel, colágeno, a transportadora do grupo e a divisão global de couros permanecem sob a estrutura da JBS S/A, que passará a se chamar JBS Brasil.
Segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings, a proposta de reorganização da JBS reduzirá sua exposição à volatilidade do câmbio, já que poderá levar a companhia a adotar posições de hedge menos agressivas em seus demonstrativos financeiros.
Isso porque, uma vez listada na NYSE, a empresa reportará seus resultados em dólares, e não em reais. Em 2015, a JBS implementou uma política de hedge agressiva e onerosa, a fim de cobrir sua exposição na moeda americana.
Apesar de a estratégia ter funcionado bem no ano passado, com resultado positivo de R$ 10,6 bilhões, nos três primeiros meses de 2016 o resultado foi negativo em R$ 5,8 bilhões, na esteira da desvalorização do dólar sobre o real no período.
"Nos cinco últimos trimestres, a variação cambial teve impacto negativo na companhia, de cerca de R$ 7,3 bilhões, e o hedge foi positivo, para um montante total de R$ 4,8 bilhões", disse a Fitch em nota. A agência vai revisar o rating da empresa quando a reorganização for concluída.
Passo adiante
Para os analistas Carlos Laboy e Andrew Muench, do HSBC, a mudança na estrutura societária da JBS é importante para agregar valor à companhia no longo prazo. Eles citaram que a mesma estratégia deu certo para empresas como a SABMiller, a Ambev e a Coca-Cola.
"O que nos preocupa? Para sermos sinceros, os detalhes. Os investidores irão compreender a seriedade da proposta do grupo de controle quando as novas regras de governança forem apresentadas e quando ficarem mais claras a composição do novo conselho e a possibilidade de um membro independente", disseram.
Luciana Carvalho e Victor Penna, do BB Investimentos, disseram que a reorganização societária da JBS deve fortalecer o crescimento global da companhia e permitir que ela aumente sua base de acionistas substancialmente.
Eles mantiveram a recomendação outperform, de desempenho acima da média do mercado, para a empresa. O preço-alvo do BB para as ações da JBS é de R$ 21 até o fim do ano, o dobro do preço de fechamento registrado ontem (R$ 10,50).
Também otimistas, Thiago Duarte e Rafael Macedo, do BTG Pactual, reiteraram a recomendação de compra para os papéis da JBS, com preço-alvo de R$ 16 em 12 meses.
"Embora alguns passos do processo de reorganização ainda possam ser questionados, nós acreditamos que o potencial de geração de valor que a operação cria é massivo e deve ofuscar qualquer preocupação [dos investidores]", disseram.
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1. Oportunidades?
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1/9 (Ueslei Marcelino / Reuters)
São Paulo - O
Senado aprovou nesta quinta-feira (12) a abertura do processo de
impeachment de
Dilma Rousseff. A presidente foi afastada por até 180 dias e quem comandará o país durante este período será o vice
Michel Temer. No mercado de
ações, boa parte da troca de governo já havia sido antecipada pelos investidores, mas ainda
há espaço para novas altas, segundo analistas. Em relatório, o
Santander afirmou que os bancos e as empresas dos setores elétrico, educacional e de infraestrutura deverão ser os mais beneficiados por uma melhora da
Bolsa no pós-Dilma. Navegue pelas fotos e descubra quais são as sete empresas preferidas do banco nestes segmentos e sua avaliação sobre cada uma delas.
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2. Itaú Unibanco (ITUB4)
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2/9 (.)
Segundo o Santander, o Itaú possui retorno sobre o patrimônio líquido maior que de seu principal concorrente e historicamente superior ao seu custo de capital próprio. Além disso, a equipe de análise do Santander também destacou o foco do Itaú na melhora da qualidade de seus ativos, com maior exposição ao
crédito consignado e habitacional. O banco ressaltou ainda o mix de geração de caixa defensivo do Itaú, com apenas um terço do resultado consolidado vindo de novas concessões de crédito. O atual indicador de preço sobre valor patrimonial esperado para o Itaú nos próximos 12 meses está 29% abaixo do valor atingido logo antes do segundo turno das
eleições de 2014 e 15% abaixo de sua média histórica, de acordo com o Santander.
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3. Localiza (RENT3)
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3/9 (Divulgação)
Segundo o Santander, o "forte" resultado trimestral divulgado em abril sugere potencial de revisão positiva nas expectativas do consenso de lucro e
Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2016 e 2017. "Acreditamos que essas revisões positivas ainda não estejam devidamente precificadas", disse a equipe de análise do Santander em relatório. O banco também citou que a Localiza se beneficia da deficitária matriz de infraestrutura brasileira, já que outras alternativas de transporte, como ferroviário e fluvial, não comportam a demanda pelo deslocamento de bens e serviços. Outro ponto positivo ressaltado pelo Santander foi o fato de a Localiza ser detentora da maior frota de
veículos do país, o que lhe garante poder de barganha frente às montadoras, otimizando o Capex e capital de giro.
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4. Kroton (KROT3)
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4/9 (Germano Lüders/EXAME)
Segundo o Santander, a posição de caixa líquido da Kroton deve favorecer futuras
aquisições. A equipe de análise do banco destacou o "audacioso" plano de expansão da empresa, que "deve impulsionar a já forte geração de valor para os acionistas". Além disso, o banco afirmou que o atual indicador de preço sobre
lucro esperado para os próximos 12 meses está 37% abaixo do valor atingido logo antes do segundo turno das eleições de 2014 e 20% abaixo da média histórica.
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5. Banco do Brasil (BBAS3)
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5/9 (Pilar Olivares/REUTERS)
Segundo o Santander, a readequação de algumas normas do Banco Central poderiam diminuir as exigências de capital a alguns tipos de empréstimos, o que possibilitaria melhorar o índice de Basileia do BB sem a necessidade de uma futura nova capitalização. A equipe de análise do Santander citou ainda que o BB é historicamente um bom pagador de
dividendos e também se beneficiaria de uma queda adicional da curva de
juros futuros por conta da melhor percepção de risco. O atual indicador de preço sobre valor patrimonial esperado para o BB nos próximos 12 meses ainda está 39% abaixo do valor atingido logo antes do segundo turno das eleições de 2014 e 23% abaixo da média histórica, de acordo com o Santander.
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6. Rumo Logística (RUMO3)
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6/9 (Divulgação / EXAME)
Segundo o Santander, o aumento de capital finalizado em abril, de R$ 2,6 bilhões, deu folga de caixa para a Rumo lidar com suas obrigações de curto prazo. O banco também citou como ponto positivo para a companhia o fato de ela ter geração de caixa inelástica, já que 80% de todo volume transportado é para o escoamento de
commodities agrícolas do centro-oeste para o Porto de Santos. O alto endividamento da Rumo, de acordo com o Santander, deve se traduzir em menores despesas financeiras num futuro próximo, uma vez que a queda da
Selic se concretize, gerando maior valor para os acionistas. A equipe de análise do banco afirmou ainda que 80% do volume transportado pela Rumo está contratado pelo formato "take-or-pay" e é indexado pela inflação, o que garante maior estabilidade e previsibilidade no volume transportado e nas margens operacionais. Outra vantagem para a companhia é a potencial melhora do ambiente regulatório pós-ruptura política, disse o Santander em relatório.
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7. AES Tietê (TIET11)
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7/9 (EXAME.com)
Segundo o Santander. os contratos firmados pela AES Tietê ao longo do último trimestre de 2015 foram bem recebidos pelo mercado. A companhia vendeu 100 MW para fornecimento de energia em 2017 e 2018 ao preço de R$150/MWh, o que reforça a tese de preços de
energia saudáveis no médio e longo-prazo, de acordo com o banco. A equipe de análise do Santander também citou que a baixa alavancagem da elétrica deve favorecer a participação da empresa em novos leilões de energia durante os próximos anos. Outras duas vantagens destacadas foram o forte
dividend yield de 12% esperado para os próximos 12 meses e a potencial melhora do ambiente regulatório pós-ruptura política.
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8. Veja outras possibilidades na Bolsa
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8/9 (ThinkStock/Minerva Studio)