JBS: o BNDES quer anular a decisão que colocou José Batista Sobrinho na presidência da companhia (Ueslei Marcelino/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 5 de setembro de 2017 às 10h39.
Última atualização em 5 de setembro de 2017 às 15h03.
São Paulo -- As ações da JBS amargam perdas nesta terça-feira, depois de o procurador-geral da República Rodrigo Janot pedir a abertura de uma investigação para apurar indícios da prática de crimes omitidos por delatores da J&F, controladora da empresa de alimentos.
Por volta das 13h30, os papéis da companhia caíam em torno de 7,7%, negociados a 7,92 reais. Na mínima do dia, chegaram a cair 11,19%, cotados a 7,62 reais.
A suspeita surgiu a partir de gravações enviadas pela empresa, na semana passada, junto a outros documentos que faziam parte do acordo de delação premiada.
Segundo Janot, os áudios trazem indícios de condutas criminosas atribuídas ao ex-procurador da República Marcelo Miller — que era um auxiliar direto dele e que posteriormente foi trabalhar em um escritório de advocacia que prestava serviços para a JBS.
O procurador-geral também disse que as conversas citam autoridades da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal.
Se a prática de omissão for comprovada, os benefícios concedidos aos controladores da JBS em virtude do acordo de delação premiada podem ser cancelados. “Se ficar provada qualquer ilicitude, o acordo será rescindido", disse Janot ontem.
O procurador-geral disse que pretende chamar os colaboradores do grupo para se manifestarem ainda esta semana. Ele afirmou que eles terão direito a uma “ampla defesa” para esclarecer se tudo não passou de uma “confusão”.
Em comunicado, a defesa dos executivos da J&F afirmou que houve “interpretação precipitada” da gravação entregue à procuradoria-Geral da República e que o assunto será esclarecido assim que o material for melhor examinado.
"Conforme declarou a própria PGR, em nota oficial, o diálogo em questão é composto de 'meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático'.Ou seja, apenas cogitações de hipóteses — não houve uma palavra sequer a comprometer autoridades. É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos — mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa-fé dos colaboradores", diz trecho do comunicado da J&F.
Com informações da agência Reuters.