Radar: taxa de juros do Japão é a maior em 17 anos (Alkis Konstantinidis/Reuters)
Repórter de finanças
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 08h27.
Última atualização em 24 de janeiro de 2025 às 10h07.
Os mercados globais seguem acompanhando os movimentos de Donald Trump, mas o dia promete ser de agenda mais cheia com diversos Índices de Gerentes de Compras (PMI) sendo divulgados, além da reunião do presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), que trouxe todas as atenções para si.
Por aqui, o grande destaque é a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) às 9h pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As projeções da Reuters apontam uma queda de 0,03% nos preços na base mensal e uma alta de 4,36% em 12 meses.
O Japão, conhecido por suas taxas de juros negativas, elevou nesta sexta-feira, 24, sua taxa básica de juros de 0,25% para 0,50% – o maior nível em 17 anos.
O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Kazuo Ueda, afirmou que o banco central japonês seguirá aumentando os juros se a economia e os preços evoluírem de acordo com as perspectivas.
Entretanto, disse que não há nada predefinido em relação ao ritmo ou ao momento para novas altas no juro básico do país. No comunicado, a autoridade monetária do Japão também deixou em aberto a possibilidade de fazer novas elevações na taxa.
Com a subida dos juros, o iene ganha força ante o dólar. Às 08h06 (horário de Brasília), o dólar estava cotado a 155,97 ienes, um leve recuo de 0,6%.
O presidente do BoJ destacou que as incertezas no cenário global continuam elevadas, principalmente pelos recentes anúncios de Donald Trump, relacionados a tarifas.
No entanto, ele observou que, até o momento, as políticas anunciadas por Trump têm sido compatíveis com o esperado, embora o BoJ permaneça atento à questão e seus possíveis desdobramentos.
A subida de juros também fez os títulos do governo do país subirem. O rendimento do JGB sensível à política de dois anos alcançou 0,725%, nível mais alto desde outubro de 2008, enquanto o rendimento do JGB de 10 anos saltou para 1,235%.
Na agenda de indicadores, os mercados acompanham a divulgação dos Índices de Gerentes de Compras (PMI) da Alemanha e da zona do euro pela manhã.
O PMI industrial da Alemanha subiu de 42,5 em dezembro para 44,1 em janeiro, atingindo o maior nível em oito meses, segundo dados preliminares divulgados pela S&P Global em parceria com o Hamburg Commercial Bank. Analistas consultados pela FactSet esperavam avanço mais modesto neste mês, a 42,7.
Já o PMI de serviços alemão avançou de 51,2 para 52,5 no mesmo período, alcançando o maior patamar em seis meses, e ante previsão de queda a 51. O PMI composto da Alemanha (que considera indústria e serviços), aumentou de 48 em dezembro para 50,1 em janeiro, tocando o maior nível em sete meses.
PMIs acima de 50 sugerem expansão da atividade, enquanto dados abaixo indicam contração.
Na zona do euro, o PMI composto subiu de 49,6 em dezembro para 50,2 em janeiro, atingindo o maior nível em cinco meses, também segundo dados preliminares da S&P Global em parceria com o Hamburg Commercial Bank. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam leve alta a 49,8.
O PMI da indústria avançou de 45,1 para 46,1 no mesmo período, alcançando o maior patamar em oito meses. A previsão era de aumento a 45,4.
Já no segmento de serviços, o PMI do bloco caiu de 51,6 em dezembro para 51,4 em janeiro. O consenso da FactSet era de um recuo para 51,5.
Às 11h45, é a vez da S&P Global divulgar o PMI composto, industrial e de serviços dos Estados Unidos. A expectativa é que o setor industrial de dezembro fique em 49, enquanto o de serviços vá a 56,8 e o composto registre 55,4.O mercado segue monitorando os movimentos de Trump, principalmente em relação às tarifas contra a China. Ontem, em entrevista à Fox News, o presidente disse que preferiria não impor tarifas ao país, mas disse que a China “recebe muito dinheiro da América.”
“Temos um poder muito grande sobre a China, que são as tarifas, e eles [China] não querem as tarifas", disse Trump, completando: "E eu preferiria não ter que usar as tarifas, mas é um poder enorme sobre a China.”
Trump disse ainda que teve uma conversa telefônica “amigável” com o presidente chinês, Xi Jinping, na semana passada. “Eles são um país muito ambicioso, ele [Xi] é um homem ambicioso. Tínhamos um relacionamento muito bom", afirmou o republicano, em referência à primeira passagem pela Casa Branca, entre 2017 e 2021.