Mercados

Itália e Espanha já pagam mais caro que o Brasil para captar recursos

Papéis italianos estão 2,3 pontos percentuais acima dos brasileiros após atingirem um recorde na segunda-feira

Saída de Berlusconi pode ajudar a aliviar a pressão sobre os títulos do país (Jacopo Raule/Getty Images)

Saída de Berlusconi pode ajudar a aliviar a pressão sobre os títulos do país (Jacopo Raule/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2011 às 16h20.

table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}
.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}

São Paulo – O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, custou a arredar o pé do seu posto mesmo após saber que a maioria absoluta do Parlamento deixou de apoiá-lo. O premiê venceu o pleito que ratificou as contas públicas de 2010 nesta terça-feira, mas faltaram 8 para que ele conquistasse um “voto de confiança”.

Mas enquanto 308 deputados ainda seguem (seguiam, segundo as agências internacionais ele irá apresentar a sua renúncia em breve) os seus desejos, os investidores em todo o mundo já o deixaram na mão há meses. A perda de confiança no governo italiano está clara no mercado de títulos das dívidas soberanas.

Gráfico comparativo do rendimento pago para os títulos de 30 anos entre países selecionados

“Isso significa claramente que a probabilidade implícita de default italiano considerada pelo mercado continua subindo de forma perigosa, a despeito da atuação do Banco Central Europeu”, analisa o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho.

Em janeiro de 2009, os papéis de longo prazo (com vencimento em 30 anos) rendiam 5,105%, segundo dados da Thomson Reuters Datastream elaborados a pedido de EXAME.com. Mas a taxa saltou para 6,2% em julho deste ano e disparou para atingir um recorde de 7,18% na segunda-feira. 

Além disso, os papéis de todos os vencimentos subiram hoje. Os bônus de cinco anos superaram os de dez anos, que chegaram a um novo patamar de 6,74%. Quanto maior o rendimento, mais elevado é o risco atribuído a eles.

Brasil e Itália

A diferença entre os títulos de 30 anos do Brasil e a Itália, que foi de 1,69 ponto percentual em janeiro de 2009 a favor dos italianos se inverteu a 2,3 pontos percentuais para os brasileiros. Em outubro de 2010, os títulos brasileiros de 30 anos passaram a pagar menos que os italianos, mas a diferença ainda era pequena e mostrava apenas uma melhor situação do Brasil do que uma piora da visão sobre a dívida da Itália.


“Até uns meses atrás, os mercados davam pouca atenção para os fundamentos da Itália, assumindo que um calote do país e a saída da zona do euro como impossíveis. Os spreads atuais aliados aos déficits criam uma combinação perigosa”, explica o economista e pesquisador italiano Paolo Manasse em uma análise publicada ontem.

A diferença começou a se acentuar em agosto deste ano. No dia 25 daquele mês, por exemplo, os títulos do Brasil pagavam 5,269% e os da Itália 5,959%. Ontem, o spread entre eles tinha saltado. Os títulos brasileiros rendiam 4,872% contra 7,18% dos italianos.

O Brasil captou na sexta-feira 1 bilhão de dólares por meio da emissão de Bônus Global 2041 com a menor taxa já paga em papéis de 30 anos. A intenção inicial do Tesouro Nacional era emitir 500 milhões de dólares, mas a demanda superou em mais de 10 vezes. O objetivo era testar o mercado e mostrar que o Brasil continua forte mesmo com a crise europeia.

O Financial Times definiu bem o risco atribuído aos títulos brasileiros em uma matéria publicada na última sexta-feira. “Se você sentir falta dos dias cabeludos do Brasil, talvez seja a hora de considerar os títulos italianos de 30 anos; agora com uma taxa de 7%”, disse a repórter Samantha Pearson. Os dados em vermelho mostram os países que viram as taxas dos seus títulos subirem e os em verde o contrário.

Títulos de 30 anos em %
Data EUA Reino Unido Áustria Bélgica França Alemanha Itália Holanda Espanha Brasil
01/01/2009 2,694 3,76 3,979 4,129 3,717 3,527 5,105 3,739 4,183 6,795
17/06/2009 4,466 4,576 4,803 4,693 4,462 4,282 5,492 4,41 4,87 6,815
27/01/2010 4,565 4,37 4,308 4,383 4,15 3,951 4,863 4,069 4,775 6,023
02/06/2010 4,237 4,288 3,712 4,078 3,689 3,33 5,106 3,45 5,304 5,898
12/01/2011 4,533 4,47 3,953 4,651 3,989 3,526 5,556 3,617 5,952 5,319
01/06/2011 4,149 4,091 4,009 4,627 3,978 3,559 5,497 3,663 5,89 5,297
07/11/2011 3,039 3,304 3,661 4,87 3,936 2,606 7,18 2,681 6,356 4,872
Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrise econômicaCrises em empresasDados de BrasilDívida públicaEuropaItáliaPaíses ricosPersonalidadesPiigsPolíticosSilvio Berlusconi

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney