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Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 17h19.
Roma - As autoridades italianas apreenderam vários documentos pertencentes às agências de classificação de risco Moody's e Standard & Poor's (S&P) para investigações sobre esses dois organismos, realizadas pela promotoria da cidade de Trani.
Segundo informa quinta-feira a imprensa italiana, esses documentos foram confiscados durante uma busca nos escritórios das agências e se somam às informações requisitadas com a colaboração das autoridades da Comissão Nacional da Bolsa de Valores da Itália (CNMV).
Os documentos estão sendo utilizados pela promotoria de Trani para as investigações feitas sobre a Moody's e a S&P por supostos crimes de especulação abusiva, manipulação de mercado e uso ilícito de informações privilegiadas.
Essas investigações, que surgem por denúncias de associações de consumidores italianas, complementam as investigações da promotoria de Roma, iniciadas recentemente diante das turbulências das bolsas de valores registradas na Bolsa de Milão e nos mercados de dívida da Itália nas últimas semanas.
Na cidade de Trani, foram realizados dois procedimentos de investigação paralelos: um primeiro aberto em janeiro e que afeta a Moody's pelo relatório divulgado em 6 de maio de 2010, no qual se afirmava, com os mercados abertos, que o sistema bancário italiano estava entre aqueles em risco diante dos problemas financeiros da Grécia.
O segundo procedimento, aberto há algumas semanas, corresponde às notas dadas pela S&P em três ocasiões diferentes, uma das quais colocava dúvidas no início de julho sobre o plano de ajuste orçamentário do Governo italiano.
Essas duas outras ocasiões correspondem a relatórios divulgados em maio passado nos quais a mesma agência punha em perspectiva negativa a avaliação creditícia da dívida soberana da Itália e de vários bancos italianos.
"A Standard & Poor's mudou a perspectiva sobre a dívida pública de positiva a negativa, provocando a imediata reação do ministro da Economia (Giulio Tremonti), que divulgou um comunicado dizendo que essa avaliação não era verdadeira", destacou em entrevista coletiva o promotor encarregado do caso, Carlo Maria Capristo.
Em comunicado de imprensa divulgado nesta quinta-feira, a S&P assegura que a investigação realizada pelas autoridades judiciais de Trani não têm nenhum fundamento.
No âmbito dessas investigações, a promotoria de Trani já ouviu o testemunho de pessoas consideradas bem informadas sobre os fatos, entre elas o ex-primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, assim como o governador do Banco da Itália, Mario Draghi, e o atual titular de Economia, Giulio Tremonti.