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Irmãos Batista tiveram ganhos financeiros de R$ 238 mi, diz MPF

Os crimes de insider trading, segundo os procuradores, foram praticados durante o acordo de delação premiada dos executivos

Joesley: o executivo está preso desde o dia 11 de setembro (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

Joesley: o executivo está preso desde o dia 11 de setembro (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 16h09.

São Paulo - Os irmãos Batistas teriam lucrado cerca de R$ 100 milhões com compra de dólar no mercado futuro e a termo, além de terem deixado de perder R$ 138 milhões com o processo de venda e recompra de ações da JBS, nas vésperas da divulgação da delação dos empresários no dia 17 de maio, afirmaram procuradores do Ministério Público Federal, nesta tarde em São Paulo.

Os procuradores da República Thaméa Danelon e Thiago Lacerda Nobre, responsáveis no MPF pela Operação Tendão de Aquiles que investiga os supostos crimes de insider trading dos irmãos Wesley e Joesley, concederam uma entrevista coletiva sobre novos desdobramentos relativos à operação, que resultou na prisão preventiva de Wesley, no último dia 13 de setembro, e de Joesley, que já se encontrava preso, por outros fatos, desde 11 de setembro.

"Sabendo que quando viessem à tona as delações haveria alteração no mercado financeiro, eles passaram a vender e a recomprar ações, para que não caísse muito. Paralelamente fizeram compras de contratos futuros de dólar", disse Danelon sobre ações que foram realizadas pelos irmãos dias antes da divulgação das delações.

"Ficou bastante comprovado que saberiam que viria um abalo no mercado", disse Nobre. "Eles (Batistas) são pessoas que trabalham na área e que entendem perfeitamente como funciona o mercado e manipularam para seus interesses", afirmou o procurador.

Os crimes, segundo os procuradores, foram praticados durante o acordo de delação premiada. "Fazer um acordo para lucrar com a Justiça não é um bom negócio", disse Danelon.

"Ficou bem claro que foi a certeza de impunidade que levou a praticar essa conduta."

Segundo os procuradores, a denúncia de insider trading começou com o monitoramento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que, a partir disso, o MPF iniciou as investigações com levantamento de documentações e entrevistas inclusive com funcionários das empresas dos irmãos.

Segundo Nobre, funcionários chegaram a afirmar que as movimentações foram atípicas de fato. "Não era comum compras (de dólar) no fim da tarde", disse o procurador sobre comentários destes funcionários.

Segundo os procuradores, as ordens de venda das ações partiram de Joesley, via FB Participações, e recompra partiu de Wesley, via JBS.

Segundo os procuradores, os irmãos podem ser condenados a pagar multa que pode chegar a três vezes o ganho, Wesley pode pegar 18 anos de prisão e Joesley, 13, dependendo dos critérios do juiz que julgar o caso.

"Eles surfaram na onda de uma delação premiada para levarem vantagens dos cofres públicos, por isso a prisão preventiva é necessária. Nada nos garante que em liberdade não vão voltar a fazer a prática", disse Nobre.

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