Um total de 17 companhias recorreram ao mercado de ações em 2013, com 10 IPOs e 7 folow-nos (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 09h46.
São Paulo – Em seu recente relatório sobre 2014, o BB Investimentos sugere que o Brasil tende a ser beneficiado pelos avanços de seus dois maiores parceiros comerciais: China e Estados Unidos. “Para este ano, num cenário no qual o possível rebaixamento do Brasil já está precificado, as perspectivas de reação da economia doméstica, junto à melhora externa, tenderão a alavancar a bolsa brasileira, explica o analista, Nataniel Cezimbra”.
A estimativa para o Ibovespa ao final de 2014, segundo ele, é de cerca de 65.000 pontos - uma valorização potencial de 26% em relação ao fechamento de 31 de dezembro de 2013. O relatório destaca ainda que, “em algum momento ao longo deste ano, a melhoria do fluxo para o mercado acionário brasileiro deverá trazer tanto valorização para o índice doméstico, quanto favorecer novas emissões de ações, tanto por meio de IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), como de follow-on (ofertas adicionais)”.
No ano passado, a Votorantim Cimentos e a Azul, por exemplo, suspenderam seus planos de ir à Bolsa e, agora, aguardam um momento oportuno. Foram 17 companhias que recorreram ao mercado de ações em 2013, com 10 IPOs e 7 follow-ons. Para 2014, três ofertas já estão nas mãos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM): os IPOs das companhias de locação de veículos Ouro Verde e Unidas, além do follow-on da fabricante de autopeças, Fras-Le.
“As apostas do mercado são de que, pelo menos, outras duas empresas também poderão acessar a Bolsa em 2014: a companhia de tecnologia Quality Software e a Universidade Cruzeiro do Sul”, lembra Caio Cossermelli, sócio do Tauil & Chequer Advogados e especialista em mercado de capitais.
“Com o carnaval em março e a Copa em junho, as janelas ficam mais estreitas esse ano. Além disso, o possível cenário de incerteza política decorrente da eleição presidencial, pode também alterar o calendário das ofertas de ações a serem colocadas no segundo semestre, apesar de termos em nosso cronograma várias operações, especialmente de empresas familiares de grande porte, que planejam acessar o mercado nesse período”, completa Cossermelli.
Setores para ficar de olho
Para diretor da área de mercado de capitais da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Márcio Guedes, agronegócio e telecomunicações são setores promissores para a realização de novas ofertas públicas. “O agronegócio é um segmento grande, complexo, com empresas importantes, mas sem muitas de capital aberto”, diz.
Segundo Guedes, empresas médias podem aproveitar a melhora do setor e se animarem a buscar recursos no mercado via IPO. “Hoje, essas companhias, que são saudáveis, captam recursos principalmente via fundos de private equity”, explica.
Da mesma forma, o setor de telecomunicações e tecnologia da informação é visto pelo executivo como um possível celeiro de boas ofertas públicas em 2014.
Ele citou como exemplo a Senior Solutions, que, em março do ano passado, estreou no segmento de acesso da bolsa brasileira, o Bovespa Mais. A oferta de ações da companhia movimentou R$ 62,1 milhões. “Existem muitas outras empresas como essa espalhadas pelo Brasil”, conclui.