Abilio Diniz: satisfeito de ter feito parte do processo do oferta inicial de ações (Paulo Whitaker/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 20 de julho de 2017 às 15h30.
Última atualização em 20 de julho de 2017 às 18h10.
São Paulo - O Carrefour estreou na bolsa brasileira nesta quinta-feira com o maior IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) dos últimos quatro anos, movimentando mais de 5 bilhões de reais.
O grupo varejista levou para o prédio da B3 as prateleiras, os carrinhos e alguns produtos de seus supermercados para marcar o que, segundo o empresário Abilio Diniz, marca um momento de transformação da empresa.
"Não vamos fazer mais do mesmo. É impossível fazer mais do mesmo e esperar que dê certo", disse Abilio, que comandou por anos o concorrente Pão de Açúcar é hoje é o terceiro maior acionista do Carrefour, além de membro do conselho de administração.
Abilio disse que sempre admirou o grupo e que está satisfeito de fazer parte da abertura de capital da empresa. "Colocamos toda a nossa força", disse ele.
Para o empresário, a operação também demonstra a força do Brasil, independentemente das incertezas políticas que rondam o país.
"Esse IPO é a prova de que o Brasil é mais forte", disse ele. "Nós precisamos acreditar mais no país. Se gente de fora acredita nele, por que nós ainda temos dúvidas?."
Pregão
Se o otimismo rondava a cerimônia, o mesmo não acontecia com os investidores. Por volta das 15h, os papéis caíam 0,40%, a 14,97 reais. No dia, chegaram a recuar por volta de 4%. No final do dia, a queda registrada foi de 0,67%, sendo negociado em 14,90 reais.
A recepção morna reflete a preocupação do mercado com o futuro da empresa, que compete de forma acirrada com o GPA.
"Enquanto não saírem os dados separados das operações no Brasil, os investidores ficarão arbitrando com GPA e outras varejistas", disse o analista da corretora Lerosa Investimentos Vitor Suzaki à agência Reuters.
A operação movimentou, no total, 5.125 bilhões de reais, incluindo a venda de novas ações emitidas pela empresa e uma parte dos papéis que estavam na mão de sócios.
A maior parte dos investidores que participou da aquisição é brasileira e norte-americana. Os dois grupos concentraram aproximadamente 90% das compras. Os 10% restantes foram divididos entre investidores de Ásia e Europa, segundo apurou a Agência Estado.
Os recursos obtidos com o IPO serão usados pela companhia para reduzir a dívida com a sua controladora francesa e para capital de giro.