Estreia dos papéis na B3 será no dia 28 de setembro, sob o ticker BFFT3 | Foto: Bluefit/Divulgação (Bluefit/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 10h33.
A bolsa brasileira recebe nesta semana seu segundo IPO do mercado fitness com a oferta pública inicial de ações da Bluefit, vice-líder do mercado de academias no Brasil. O investidor que tiver interesse em investir na empresa tem até esta quinta-feira, 23, para decidir participar da oferta.
A Bluefit pretende seguir os passos bem sucedidos de sua principal concorrente, a Smartfit (SMFT3), que captou 2,3 bilhões de reais na oferta e viu suas ações dispararem 35% no primeiro dia de negociação – até o último pregão, os papéis acumulavam alta de 14% desde o IPO.
A oferta da Bluefit é bem menor, e pretende levantar 450 milhões de reais considerando o ponto médio da faixa indicativa, de 13,75 reais por ação. Caso a oferta base seja acrescida dos lotes adicional e suplementar, a captação pode chegar a 607,6 milhões de reais.
A oferta é totalmente primária, ou seja, 100% os recursos serão encaminhados para o caixa da companhia. A maior parte do capital (55,6%) será usado para expansão orgânica, tipo de crescimento em que não há aquisição de concorrentes. A outra metade (44,9%) será para recompra de franquias da marca e participações em sociedades.
A estreia dos papéis na B3 será no dia 28 de setembro, sob o ticker BFFT3. Os investidores que quiserem participar do IPO precisam avisar sua corretora sobre quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar é de 3 mil reais, e o máximo, de 1 milhão de reais.
Entenda abaixo o que os analistas pensam da oferta:
Assim como a Smartfit, o principal diferencial da Bluefit é oferecer um serviço de alta qualidade a um baixo custo, modelo conhecido como “hight value, low cost”. A vantagem competitiva é ganhar das academias de bairro na qualidade e superar as concorrentes premium oferecendo um preço mais vantajoso.
Este é o modelo que mais tem crescido no mercado de academias e foi o que possibilitou à Bluefit saltar de sete para 102 unidades ao longo de seus seis anos de operação. Outra janela de oportunidade é o ainda baixo desenvolvimento do mercado fitness no Brasil. Por aqui, a taxa de penetração do serviço é de 4,9% contra 21,2% nos Estados Unidos, segundo relatório de 2020 da IHRSA, associação global de saúde e fitness.
“Por ser um mercado de pouca penetração, esperamos um crescimento acelerado no número de unidades nos próximos anos, que justificarão pagar os múltiplos elevados aos quais a companhia espera negociar”, ressaltam, em relatório, os analistas da Levante.
Com o mercado fitness cada vez mais em evidência, a concorrência se acirra e dificulta o potencial de crescimento da Bluefit. Para a casa de análise Suno, este é um dos principais riscos ao modelo de negócios da companhia.
“Ainda que a Bluefit tenha a segunda maior operação do Brasil no segmento, é inegável que não existem amplas barreiras quanto à replicabilidade do modelo de negócio da companhia. Também é válido mencionar que a Smart Fit largou na frente e se encontra com escala e digital mais robustos”, afirmam os analistas em relatório.
A Levante, por outro lado, reforça que a Bluefit tem alguns diferenciais importantes contra suas maiores concorrentes, a Smart Fit e a Selfit. As academias da empresa funcionam 24 horas por dia, nos sete dias da semana, contam com atividades diferenciadas como luta e dança, e também costumam ter uma média de área maior.
“Aumentando o espaço, o tempo para malhar e o número de atividades, a companhia consegue evitar que as academias acabem superlotadas, como ocorre nos casos de academias com menos espaço. Esse fato contribui para melhorar a experiência do cliente, aumentando a fidelização, fundamental nesse setor”, argumentam os analistas.
A recomendação da Levante é participação no IPO até o preço limite de 13,75 reais, no meio da faixa indicativa. “O setor de academias terá uma forte recuperação no ‘pós-pandemia’, acelerando a consolidação natural para academias low cost. Enxergamos a Bluefit muito bem posicionada para capturar esse crescimento, dado o seu modelo de negócios comprovadamente vencedor”, dizem os analistas.
No entanto, a casa faz a ressalva de que a ação pode sofrer na estreia na bolsa por conta de incertezas no cenário político e econômico. “Reiteramos que só devem entrar no IPO aqueles que estão preparados para segurar o papel, com viés de alocação no longo prazo, e que consigam superar eventuais quedas no curto prazo”, concluem.
Já a Suno diz enxergar muito potencial no setor, mas não recomenda participar da oferta. “Preferimos adotar cautela ao analisarmos empresas que precisam de um crescimento vultoso para justificar sua precificação – como a Bluefit”. Para a empresa, o valor justo por ação é de 2,88 reais, bastante abaixo do preço médio da faixa indicativa, de 13,75 reais.