O país aumentou o IOF para 6% (Beatriz Albuquerque/Cláudia)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2010 às 09h40.
Nova York - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está espantando os estrangeiros do mercado de dívida local com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras para as aplicações em renda fixa.
O governo rejeitou ontem todas as propostas no leilão das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 porque, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin, as ofertas não foram “razoáveis”. O aumento do IOF de 2 por cento para 6 por cento este mês com o objetivo de conter a entrada de capital e valorização do câmbio elevou as taxas da NTN-F em 60 pontos-base esta semana, a maior alta desde maio, para 12,08 por cento.
“Eles taxam os investidores que compram esses títulos em 6 por cento e depois reclamam que os preços não foram razoáveis”, disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar US$ 14 bilhões em dívida de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners em Nova York. “Eles escolheram proteger a taxa de câmbio e essa estratégia não vem de graça.”
Lula está elevando os custos de financiamento da dívida pública ao limitar a demanda de investidores internationais que levou o real a valorizar-se 40 por cento em dois anos, criando um déficit recorde de US$ 46 bilhões em conta corrente. O governo aumentou o IOF em resposta ao que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ser uma corrida dos países para desvalorizar suas moedas e defender suas exportações.
O Tesouro rejeitou todas as propostas de investidores para a venda de 150.000 NTN-F com vencimento em 2021 no leilão de ontem. A última vez que isso aconteceu com esse papel mais longo foi em maio e em junho, quando houve aumento da aversão ao risco por conta da crise da dívida na Grécia.
Ontem foi vendido todo o lote de 150.000 NTN-F com vencimento em 2017 a uma taxa média de 11,8743 por cento, a mais alta desde março, e todas as 150.000 NTN-F com vencimento em 2015 a uma taxa de 11,8659 por cento.
“Eles estão dispostos a pagar um preço”, disse Alejandro Urbina, que administra e atua como consultor para US$ 790 milhões em dívida de mercados emergentes na Silva Capital Management LLC em Chicago. “Eles fizeram a escolha de colocar a política cambial à frente do programa de emissões. Eles tiveram sucesso em limitar o interesse dos estrangeiros pelo mercado de renda fixa.”