Detalhe de uma nota de dólar (AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2011 às 17h40.
São Paul - Depois de uma semana em que as atenções se voltaram para o mercado internacional, hoje o noticiário doméstico dominou os negócios e fez o dólar se descolar do exterior durante praticamente todo o dia. Perto do fim dos negócios, no entanto, o foco se desviou novamente para o lado externo e a moeda norte-americana fechou na máxima a R$ 1,730, maior valor desde 23 de novembro de 2010, quando atingiu R$ 1,7340. O motivo para essa desvalorização do real, segundo alguns operadores, é a preocupação com o que pode vir a acontecer no final de semana na zona do euro. "O mercado esqueceu um pouco do exterior por causa do IOF, agora, perto do fechamento, caiu a ficha que o final de semana chegou e, na dúvida, o melhor é tentar minimizar perdas, já que a situação lá fora ainda é bem complicada", disse um operador.
O dólar no balcão encerrou na máxima, com alta de 1,29%. Na mínima, a divisa norte-americana atingiu R$ 1,7070. Na semana, a divisa acumula ganho de 2,91%, no mês, tem valorização de 8,53% e no ano, de 3,97%. Na BM&F, o dólar pronto fechou também na máxima, a R$ 1,7255 com valorização de 0,84%. Na mínima, a moeda atingiu R$ 1,7090. O dólar na BM&F exibe alta acumulada de 2,70% na semana, de 8,45% no mês e de 2,76% no ano.
Logo cedo o mercado foi surpreendido com a publicação, no Diário Oficial, do decreto de número 7.536 que se refere à cobrança de IOF sobre derivativos cambiais. Mas segundo os técnicos da Fazenda, que concederam entrevista no início da tarde para esclarecer a medida, não houve mudança na abrangência da tributação e as alterações foram um "ajuste da linguagem" em relação à decisão anterior. Eles explicaram que esse acerto foi determinado após negociação com o próprio mercado: BM&FBovespa, Cetip, Febraban e Andima.
O mercado passou quase toda a manhã confuso, no aguardo de esclarecimentos sobre a medida cambial anunciada hoje. Após as explicações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, alguns pontos foram esclarecidos e outros ainda geravam dúvidas, pelo menos neste primeiro dia. A percepção inicial geral era a de que a cobrança de IOF estava sendo ampliada. E foi isso que determinou a pressão de alta registrada na abertura dos negócios com dólar.
O ministro voltou a esclarecer que as operações feitas no exterior estão isentas, assim como estão livres de imposto os derivativos não financeiros, mesmo que cotados em dólar. No que se refere às opções, o decreto mostrou que a tributação será feita pelo valor delta hedge da operação (grosso modo, pelo preço que contempla uma contraparte que neutraliza o risco). Quanto aos exportadores, a desoneração continua na promessa. Os técnicos da Fazenda garantiram que ela chegará, mas por enquanto está em estudo. A medida também definiu quem recolhe o tributo e a tarefa ficou com as instituições que representam o investidor. Isso não agradou a essa parte do mercado.