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Investimento em setor de petróleo estimula bônus estruturados

Empresas aproveitam a demanda de investidores por dívida atrelada às reservas de petróleo para emitir os papéis

Setor de petróleo e gás pode aumentar emissões de títulos estruturados (Divulgação/EXAME.com)

Setor de petróleo e gás pode aumentar emissões de títulos estruturados (Divulgação/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2010 às 08h20.

Nova York e São Paulo - O plano brasileiro de investir R$ 461 bilhões no setor de petróleo e gás abre caminho para um aumento nas emissões de títulos estruturados. Empresas aproveitam a demanda de investidores por dívida atrelada às reservas de petróleo para emitir os papéis.

A Odebrecht Óleo e Gás, prestadora de serviços que opera dois navios para a Petróleo Brasileiro SA, emitiu no mês passado US$ 1,5 bilhão em títulos atrelados à receita com perfuração. Foi a primeira emissão de títulos de referência relativos a projeto. A taxa de juros de 6,35 por cento é “competitiva” com empréstimos bancários, disse numa entrevista, Marco Campos Rabello, diretor de finanças estruturadas da divisão de óleo e gás da Odebrecht.

“Estou muito confiante de que novos negócios vão se seguir a este no começo do ano que vem”, disse Dan Vallimarescu, diretor-gerente e chefe de mercados de capitais de dívida das Américas do Banco Santander SA em Nova York, numa entrevista. “Todo profissional de banco de investimento que se preza está oferecendo esse projeto a cada cliente.”

Mais fabricantes brasileiros de equipamentos podem acessar o mercado de títulos para ajudar a financiar construções, atraídos por juros mais baixos e estimulados pelas regras que exigem que a Petrobras compre de fornecedores locais. O Brasil, palco das maiores descobertas de petróleo no Ocidente desde o campo mexicano de Cantarell, em 1976, precisa de navios de perfuração, plataformas e gasodutos para explorar até 100 bilhões de barris de petróleo em alto-mar.

A Odebrecht, que tem contratos para venda de cinco plataformas de perfuração em águas profundas para a Petrobras, usou os títulos de projeto para refinanciar um empréstimo bancário de US$ 1,5 bilhão obtido em 2008. O cupom é inferior ao que a Odebrecht pagava no empréstimo original, disse Rabello.

‘Repararam’

“Outros emissores repararam e considerariam tipos similares de emissão”, disse Alexei Remizov, chefe de mercados de capitais para Brasil do HSBC, o segundo maior na subscrição de dívida internacional brasileira este ano após o JPMorgan Chase & Co., de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A Petrobras, sediada no Rio de Janeiro, levantou cerca de US$ 70 bilhões em setembro na maior emissão de ações do mundo para ajudar a custear seu plano de investimento de US$ 224 bilhões em cinco anos, o maior da indústria petrolífera. A empresa alugou 20 plataformas de perfuração estrangeiras para começar a operar nos próximos dois anos, buscando petróleo em campos como o de Libra, que pode conter até 15 bilhões de barris.

Os títulos da Odebrecht Óleo e Gás com prazo de 10 anos e cupom 6,35 por cento eram negociados a 103 por cento do valor de face, rendendo 5,98 por cento ontem, comparado a um rendimento de 5,9 por cento para a dívida de cupom 7 por cento da Odebrecht com vencimento em 2020, e um rendimento de 4,7 por cento para títulos de prazo semelhante emitidos pela Petrobras, segundo dados do Trace, o sistema de informações sobre preços de bônus da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira.

“Todo o desenvolvimento do setor de óleo e gás é o que torna esse ativo atraente”, disse Bernardo Costa, analista de finanças estruturadas para América Latina da Fitch Ratings Inc. em Chicago. “Certamente existem muitas oportunidades para o mercado bancário e para o mercado de bônus no longo prazo.”

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