A economia da Rússia tem diminuído por cinco trimestres consecutivos com a queda do petróleo (REUTERS/Rogan Ward)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2013 às 15h12.
Nova York – A fuga de capitais dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia e China, está provocando o declínio do valor de suas ações, títulos e moedas, conjuntamente, pela primeira vez desde 2006, concluindo uma história de amor de 10 anos com os maiores mercados emergentes.
“A cada década, existe um assunto que captura a imaginação dos investidores. Nos anos 70 foi o ouro, nos anos 80 tratava-se do Japão e nos anos 90 sobre as empresas de tecnologia”, disse Ruchir Sharma, chefe de mercados emergentes da Morgan Stanley Investment Management, em Nova York, em uma entrevista telefônica dia 8 de julho. “A última década foi sobre os BRICS. Esse tema basicamente segue seu curso”.
Investidores retiraram US$ 13.9 bilhões dos fundos mútuos investidos nos quarto países este ano, ou 27 por cento dos influxos desde 2005, de acordo com a EPFR Global.
O índice MSCI BRIC caiu 12 por cento no último trimestre enquanto as moedas dos países afundaram 4,1 por cento contra o dólar e os títulos do governo perderam uma média de 0,6 por cento, a única correlação similar nos dados compilados pela Bloomberg em sete anos.
No Brasil, a combinação da crescente inflação com o crescimento econômico mais fraco e os protestos violentos tem afastado os investidores justo quando a especulação de redução de estímulos da Reserva Federal impulsiona a saída de capitais dos mercados emergentes em todo o mundo.
A economia da Rússia tem diminuído por cinco trimestres consecutivos com a queda do petróleo, enquanto o déficit em conta corrente da Índia alimentou o declínio da rupia para a maior baixa jamais vista. A China caminha rumo à expansão anual mais fraca desde 1990, segundo Barclays Plc. e HSBC Holdings Plc.
Os títulos do governo brasileiro afundaram 2,1 por cento em termos de moeda local nos últimos três meses, o mais baixo desde 2003, de acordo com os índices da JPMorgan Chase Co.
A capitalização do mercado de valores da Rússia caiu para uma baixa de quase quatro anos de US$ 631 bilhões em 20 de junho, abaixo dos $1.2 trilhões de dois anos atrás, e o rublo vem negociando dentre 2 por cento do nível mais fraco em um ano.
Perspectiva de baixa
Na Índia, estrangeiros venderam um recorde de US$ 4,1 bilhões de títulos do governo nos últimos três meses. O índice Shanghai Composite da China afundou dia 27 de junho ao nível mais baixo desde as profundezas da crise financeira global em janeiro de 2009.
“As pessoas estão muito preocupadas com a China e no Brasil nada parece funcionar mais”, disse Maarten-Jan Bakkum, um estrategista sênior de mercados emergentes da ING Investment Management em Haia, por e-mail dia 8 de julho.
Enquanto as economias do BRICS estão enfraquecendo, a China está tentando acalmar a expansão por si mesma e produzir “melhor qualidade e crescimento mais durável”, disse Jim O’Neill, que se aposentou como presidente da Goldman Sachs Asset Management em abril e agora é colunista da Bloomberg, em uma resposta de e-mail dia 8 de julho.
O BRICS “continuará sendo o maior modificador econômico desta década, mesmo com um crescimento mais suave”, disse O’Neill. “Antes do final de 2015, serão coletivamente maiores dos que os EUA.”
Previsão do FMI
Os dados do FMI mostram que os investimentos da Rússia declinaram 24 por cento do PIB no ano passado, de 38 por cento uma década atrás, compondo um atraso econômico à medida que os preços de commodities caíram.
Os declínios nos ativos do BRICS devem continuar já que a retirada de estímulos do Fed corta o financiamento barato que ajudou a impulsionar o crescimento econômico e permitiu gastos dos governos em programas sociais populares, de acordo com Sharma da Morgan Stanley, autor de “Breakout Nations: In Pursuit of the Next Economic Miracles”.
“Muitos destes países ficaram muito complacentes após uma década muito boa e todos eles aproveitaram a onda da liquidez global”, disse Sharma. “Muito dinheiro voou para o mercado emergente baseado na suposição de que os EUA estão em declínio terminal e que era necessário ir para esses grandes mercados emergentes. Essas expectativas estão se afrouxando”.