Os investidores locais estão saindo em busca de títulos corporativos após o Copom reduzir a Selic em 5,25 pontos percentuais desde agosto de 2011 (Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2012 às 07h34.
São Paulo - Fundos de pensão e seguradoras estão comprando títulos de dívida corporativa com os vencimentos mais longos em quatro anos, elevando seu risco em troca de rendimentos maiores, à medida que a taxa básica de juros na mínima histórica estimula a demanda por papéis atrelados à inflação.
A Transmissora Aliança de Energia Elétrica SA vendeu papéis de 12 anos em agosto, oferecendo pagar 5,1 pontos percentuais acima da inflação em sua maior emissão local, dois anos depois de pagar um spread de 7,91 pontos em papéis de cinco anos.
O prazo médio dos títulos das empresas cresceu para 5,8 anos nos primeiros 10 meses do ano, ante 5,2 anos em 2011 e 6,3 anos em 2008, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. Nos EUA, empresas com grau de investimento tomaram dinheiro emprestado por 11 anos, em média, este ano.
Os investidores locais estão saindo em busca de títulos corporativos após o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduzir a Selic em 5,25 pontos percentuais desde agosto de 2011, o maior corte de juros entre os países do Grupo dos 20, o que limitou os ganhos com títulos públicos.
Emissões atreladas à inflação triplicaram em relação ao total à medida que os investidores buscam compensar parte do risco com prazos mais longos, se protegendo contra a alta de preços, que fez o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ultrapassar o centro da meta do governo por 26 meses seguidos.
“Os fundos de pensão não estão mais interessados em comprar títulos do governo porque pagam pouco”, disse Daniel Vaz, chefe de mercados de capitais de dívida local no Banco BTG Pactual, em entrevista por telefone de São Paulo. “As empresas estão se beneficiando dessa demanda por papéis mais longos atrelados à inflação.”