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Invasão a Congresso nos EUA deve ter efeito limitado no mercado; entenda

Ocupação do Capitólio em Washington limita ganhos no S&P 500 e no Dow Jones, mas analistas observam falta de apoio de lideranças republicanas aos atos

Apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, protestam em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP/Getty Images)

Apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, protestam em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 18h18.

Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 23h58.

Um possível aprofundamento da divisão na política americana foi apontado no início da semana como maior risco aos mercados em 2021 pela consultoria Eurasia. Não demorou muito para que esse risco tenha começado a se materializar de forma mais clara, com a invasão do Congresso por manifestantes que contestam o resultado das eleições.

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Nas bolsas globais, os principais índices de ações passaram a subir menos do meio para o fim da tarde com os atos promovidos em Washington, capital dos Estados Unidos. O principal índice da Nasdaq fechou em queda de 0,61%, mas sob influência também por preocupações sobre o aumento da regulação sobre as empresas de tecnologia com o provável controle do Senado pelos democratas.

No início da tarde, tanto o índice S&P 500 como o Dow Jones chegaram a operar com pontuação recorde, com investidores motivados pela perspectiva de medidas de estímulo fiscal mais agressivas com o desfecho aguardado das eleições para o Senado na Geórgia. Com a invasão ao Capitólio, as altas perderam força: o Dow Jones subiu 1,44% no dia, ainda em nível recorde, enquanto o S&P 500 avançou 0,57%.

"Não foi uma queda acentuada do mercado. Compradores também chegaram, (ainda que) seja um pouco chocante visualmente ver isso se desenrolar na televisão", disse Tim Ghriskey, estrategista-chefe de investimentos da Inverness Counsel, em Nova York.

Analistas se mostraram comedidos em afirmar quais serão os efeitos dos protestos sobre os mercados, na medida em que sua própria extensão ainda é incerta. Lideranças do próprio Partido Republicano, algumas das quais haviam liderado a contestação ao pleito eleitoral, vieram a público condenar a invasão do Congresso.

"Qualquer coisa que aconteça que seja disruptivo é uma preocupação para investidores, mas pânico provavelmente não é uma boa estratégia", afirmou Randy Frederick, vice-presidente de trading e derivativos da corretora Charles Schwab.

Nas principais bolsas asiáticas, as ações abriram em alta na noite desta quarta-feira (manhã de quinta na região), repetindo o padrão observado em Nova York. "A mobilização interrompeu o processo de confirmação da vitória de Biden, mas não vai revertê-lo", disse Masafumi Yamamoto, estrategista-chefe de câmbio da Mizuho Securities em Tóquio.

Ou seja, ainda é cedo para que o risco político descrito pela Eurasia passe a ser incorporado ao preço dos ativos, algo que poderia acontecer se a polarização se aprofundar e impedir o avanço de projetos importantes. Será preciso acompanhar os desdobramentos nos EUA.

No Brasil, o Ibovespa fechou em leve queda de 0,23%, depois de operar em alta próxima a 1% em boa parte do dia.

"Apesar do desgaste dos fundamentos democráticos nos Estados Unidos, muito provavelmente isso não terá efeitos deletérios nos mercados", afirmou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. Ele apontou duas razões para sustentar sua visão:

"O primeiro motivo é que está nítido que não serão bem-sucedidas as investidas de Trump para reverter o resultado do pleito. Seu próprio vice-presidente, Mike Pence, já se posicionou no sentido de reconhecer o resultado. O segundo motivo é que está nítido que o establishment americano não está mais dando ouvidos ao Trump", disse Perfeito.

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