Notas de real sobre cenário nacional (Marcelo Calenda/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2012 às 15h01.
São Paulo – As atuações do governo federal, do Ministério da Fazenda e do Banco Central, assassinaram a volatilidade do real em relação ao dólar, afirma o HSBC em uma análise publicada nesta semana. A taxa tem se mantido entre 2 e 2,10 reais desde o início de julho. Em um momento de sinceridade, o ministro Guido Mantega chegou até a reconhecer que o país vive um momento de “flutuação suja”.
“Diversas mudanças regulatórias assassinaram com sucesso a volatilidade do real”, aponta o estrategista do banco, David Bloom. O analista elaborou um relatório para indicar o melhor negócio no mercado de moedas para o resultado das eleições americanas, que acontecem nesta terça-feira. O resultado do estudo, fosse ele realizado no passado, poderia indicar a posição em moedas como o real e a lira turca, mas ambas estão sob fogo pesado dos governos.
Segundo ele, o mundo financeiro tem reagido de uma maneira parecida aos eventos de grande relevância (como as eleições americanas) desde a quebra do Lehman Brothers em 2008 – evento aceito como o disparo da atual crise global. O HSBC atribuiu um nome a isso: RORO – risk on, risk off. Ou seja, cada evento cria a possibilidade de disparar um gatilho que desencadeie um movimento de tomada de risco, ou o contrário. E isso não tem acontecido mais com o real, como seria o normal.
O gráfico abaixo mostra claramente o comportamento “alienado” do real em relação aos eventos globais. Segundo o HSBC, caso o gráfico se tratasse de um monitor que medisse os batimentos cardíacos, esse seria o momento de deixar o desfibrilador de lado.
Desempenho do real em relação ao dólar em três anos:
Desempenho da lira em relação ao dólar em três anos: