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Interesse de bolsas de valores em bitcoin pode atrair fundos

Especialistas acreditam que contratos lastreados vão garantir mais previsibilidade para a moeda virtual

Bitcoin (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Bitcoin (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de dezembro de 2017 às 11h08.

São Paulo - O crescente interesse das bolsas de valores pelo bitcoin pode atrair os fundos de investimento para as moedas virtuais.

Mesmo com a alta volatilidade, especialistas acreditam que o início da negociação de contratos futuros lastreados na moeda, que fixam um valor para o ativo em uma data predeterminada, tendem a trazer alguma previsibilidade, mesmo que mínima, para o bitcoin, além de oferecer ao aplicador um produto diferente do mercado para composição das carteiras de investimento.

O bitcoin é uma moeda criada para operar exclusivamente pela internet. Ele não é emitido por nenhum banco central e tem sua flutuação unicamente fundamentada pela demanda e oferta dos usuários e investidores.

Apesar de acumular uma valorização de mais de 1.400% desde o começo do ano, na sexta-feira passada, o investidor teve um exemplo de sua volatilidade. A moeda perdeu 30% de valor em 24 horas.

Mesmo assim, segue na moda, sendo adotado por fundos de hedge, bancos e pequenos investidores comuns. Mais recentemente, a Bolsa de Chicago passou a negociar contratos futuros da moeda, tecnicamente chamados de derivativos.

A Bolsa de Frankfurt também já manifestou interesse. No começo de dezembro, o presidente da B3 (bolsa paulista), Gilson Finkelsztain, disse que a moeda virtual "está no radar da instituição."

Com base nisso, os principais fundos de investimento já falam abertamente sobre as possibilidades do bitcoin em seus produtos. Eles não falam em compra de moeda, já que a exposição ao risco é muito grande, mas na aquisição de produtos financeiros, como derivativos.

"O contrato futuro, por exemplo, é ótimo. A vantagem do bitcoin frente a qualquer outro ativo é que ele não tem correlação com nada na economia. Imagine que uma carteira com um pouco de bitcoin em eventos que têm impacto no mercado, como a crise da JBS de maio. Essa carteira passaria por isso muito melhor que uma outra apenas com ativos tradicionais", diz o professor da B3, Gustavo Cunha. Segundo ele, no entanto, o mercado brasileiro ainda demoraria para oferecer um produto assim. "Não vejo isso na B3 tão rapidamente."

Para o especialista em criptomoedas do Grupo XP, Fernando Ulrich, mesmo que demore um pouco, é inegável que o interesse das Bolsas de Chicago e Frankfurt chama a atenção de todo o mercado. "Elas operam como um selo de legitimidade para o bitcoin", diz.

Ele acredita que o mercado futuro da moeda vai permitir uma entrada expressiva de investidores institucionais, qualificados e de fundos de hedge no setor. "Mas eu também acho que o Brasil ainda vai demorar para ter um mercado futuro de criptomoedas, já que o Banco Central (BC) ainda tem se mostrado bastante receoso", destaca Ulrich.

Em recente declaração sobre o bitcoin, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que a compra da moeda visando a venda depois da valorização é arriscada. "Ou seja, comprar e passar para frente, o que é uma típica bolha ou pirâmide. Não é algo que nós reguladores deveríamos incentivar", afirmou.

Tempo

Na semana passada, a Câmara dos Deputados adiou para 2018 a votação de um projeto que discute a regulamentação do bitcoin.

O presidente da comissão especial formada para debater o assunto, o deputado federal Alexandre Valle (PR-RJ), justificou a medida por considerar que não houve tempo hábil para se formar uma opinião sobre o tema.

A comissão especial foi criada para analisar o PL 2.303/2017, do deputado federal Aureo (SD-RJ), que propõe a inclusão de moedas virtuais e programas de milhagens aéreas na definição de arranjos de pagamento sob a supervisão do BC.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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