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Inteligência artificial está sugando o dinheiro da bolsa brasileira? Tese cresce entre investidores

B3 acumula R$ 20,6 bilhões de perda de capital estrangeiro no ano; saída, que contrasta com entrada em anos anteriores, ocorre em meio ao rali da IA

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset: "O Brasil está em um caminho melhor (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset: "O Brasil está em um caminho melhor (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Publicado em 22 de março de 2024 às 12h28.

Última atualização em 22 de março de 2024 às 13h35.

A bolsa brasileira atravessa um período raro nos últimos anos de perda de capital estrangeiro. Desde o início do ano, saíram R$ 20,6 bilhões da B3, contrastando com a entrada de R$ 56 bilhões no ano passado e de R$ 120 bilhões em 2022.

Essa vazão de dinheiro da bolsa tem chamado a atenção de grandes investidores do mercado. Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset e uma das principais referências do mercado brasileiro, admitiu não saber ao certo o que está levando essa saída de estrangeiros.

"O normal tem sido o Brasil atrair capital externo e nesse ano está ocorrendo o oposto. Isso é uma das coisas que mais me surpreende. Sabe-se que a bolsa está cara quando se tem muito IPO (oferta pública inicial) e não está acontecendo nada. Está tendo recompra de ações. O investidor estrangeiro sabe comprar na baixa e isso não está acontecendo neste ano. Não tenho uma explicação para isso", afirmou em evento organizado pela Hedge Investiments nesta semana.

Apesar das incertezas que rondam o mercado, uma das teses que tem ganhado cada vez mais força remonta à inteligência artificial (IA). A tecnologia é considerada tão revolucionária que, recentemente, o vice-presidente da IBM, Erik Day, afirmou que nunca viu nada maior do que a IA, nem mesmo a internet. E se há dinheiro na mesa, o mercado está de olho.

André Esteves, chairman e sócio-fundador do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) afirmou que esse rali para investimentos em inteligência artificial poderia estar sugando parte da liquidez global.

Efeito IA

Como numa corrida ao ouro, em que o maior vencedor é o vendedor de picaretas, na corrida da inteligência artificial ninguém tem se beneficiado mais do que a fabricante de chips Nvidia. Desde o ano passado, quando a popularização de ferramentas como Chat GPT iniciaram o frenesi da IA no mercado, a Nvidia ganhou US$ 2 trilhões em valor de mercado. Hoje, a empresa está entre as mais valiosas do mundo, avaliada em US$ 2,326 trilhões.

Felipe Miranda, sócio-fundador da Empiricus, acredita que há uma alta probabilidade de a companhia se tornar a mais valiosa do mundo, superando a Microsoft, dona do Chat GPT, avaliada em US$ 3,17 trilhões.

"Todo mundo precisa dos chips e só ela tem. É um nível de tecnologia tão alto que não tem como replicar facilmente. A maior probabilidade é a ação continuar subindo", afirmou Miranda em entrevista recente ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest.

Sem os estrangeiros e com fundos de ações e multimercados ainda sofrendo resgates, o Ibovespa acumula 5% de queda no ano. O tom negativo contrasta com o otimismo que tomou o mercado brasileiro no fim do ano passado, quando o Ibovespa subiu 19% em 2 meses e encerrou o ano com ganhos de 22,3%.

Parte dos ganhos foram impulsionado pelo ciclo de queda de juros e pela expectativa (não concretizada) de cortes nos Estados Unidos no início do ano. Nesta semana, o Fed anunciou que manterá as taxas inalteradas próximas do maior patamar do século até haver maior confiança de que a batalha contra a inflação está domada.

O mercado, que acreditava em cortes em março, agora espera que eles venham apenas em junho. A despeito do Fed mais cauteloso, as bolsas americanas seguem próximas das máximas históricas, puxadas pela inteligência artificial. Aqui, investidores seguem à espera de um novo gatilho. Ou de um mercado menos monotemático e mais matemático.

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