Símbolo da Zona do Euro: Inflação permanece em dois dígitos na região (Ralph Orlowski/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 08h03.
Última atualização em 16 de dezembro de 2022 às 08h20.
Os temores associados a altas de juros e inflação seguem amedrontando investidores internacionais nesta sexta-feira, 16, com as principais bolsas de valores ensaiando mais um dia de queda. Índices de Wall Street, que fecharam o último pregão com perdas superiores a 2%, caem mais de 1% no mercado de futuros. Se confirmadas as baixas, será o terceiro dia negativo nos Estados Unidos.
O principal mercado do mundo ainda sofre com as sinalizações de que, mesmo com o Federal Reserve (Fed) suavizando a alta de juros, ainda é muito cedo para comemorar a vitória contra a inflação. Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, é preciso haver "evidências" antes de baixa a guarda. A grande expectativa, hoje, é de que a taxa de juro do Fed suba do atual intervalo de 4,25% e 4,5% para entre 4,75% e 5% no início do ano que vem. Mas apostas marginais apontam para uma taxa ainda maior, podendo chegar a 5,5%.
O discurso também permaneceu duro na Europa, com o Banco Central Europeu (BCE) e o Bank of England subindo suas taxas em mais 0,5 ponto percentual em decisões da véspera. Mas enquanto o Fed já se aproxima do fim do ciclo de alta, a presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que o aperto monetário só está no meio do caminho na Europa. Segundo ela, "as taxas de juros ainda terão que subir significativamente a um ritmo constante", sinalizando novas altas de 0,5 p.p. para as próximas reuniões.
Dados de inflação mostraram que o desafio ainda é grande. Divulgado nesta manhã, o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro de novembro ficou em 10,1% no acumulado de 12 meses, mesmo com uma queda mensal de 0,1%. A alta de preços mais persistente no bloco levou o BCE, na véspera, a revisar suas projeções de inflação média para o ano que vem de 5,5% para 6,3%. O BCE também revisou para baixo a expectativa de crescimento do bloco.
Bolsas da Europa operam em queda nesta manhã, diante do maior pessismo econômico. O petróleo brent, negociado no Reino Unido, também recua nesta sexta, mas caminha para fechar a semana em alta de mais de 4% em meio à expectativa de reabertura da China. A valorização semanal é a maior desde outubro.
Desempenho dos indicadores às 8h (de Brasília):
No Brasil, as atenções seguem com o noticiário político. Mesmo com as perdas no mercado internacional, o Ibovespa conseguiu fechar estável no último pregão. O que ajudou o mercado local foram notícias sobre a possibilidade de o Senado barrar as mudanças na Lei das Estatais aprovadas pela Câmara.
Embora alterações tivessem o foco de viabilizar a ida de Aloízio Mercadante para o BNDES, a avaliação do mercado é de que a altaração não só pioraria a governança do banco de investimentos como também deixaria expostas as estatais listadas na bolsa. Na quarta-feira, 14, após a Câmara mudar a lei, as ações da Petrobras caíram quase 10%. Mas, na quinta, a votação no Senado que chancelaria a alteração da Lei das Estatais foi adiada pelo presidente da casa, Rodrigo Pacheco. A expectativa é de que a discussão na casa fique para o ano que vem.
O que precisa ser aprovado até este ano é a PEC da transição, que segue em tramitação na Câmara. O presidente da casa, Arthur Lira, pautou a votação da PEC para terça-feira, 20. À agência da Câmara, Lira afirmou que líderes da casa seguem negociando a proposta. Segundo O Globo, deputados ainda debatem a redução do período de exceção de dois para um ano. Alterações importantes no texto, no entanto, podem atrasar o andamento, já que precisará de um novo aval do Senado.