Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 9 de janeiro de 2022 às 09h18.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 será divulgado na terça-feira, 11. Considerado como a inflação oficial do País, o índice deve desacelerar em dezembro, mas fechar o ano em dois dígitos e muito acima da meta, o que levará o Banco Central a escrever uma carta de justificativa para explicar o descolamento.
A inflação também é destaque da agenda nos Estados Unidos e da China. Falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e também dos presidentes do Banco Central Europeu (BCE) e Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) serão monitoradas após ata hawkish (favorável à alta do juro) do Fed.
Por aqui, números em alta da covid e noticiário sobre eleições e servidores também seguem em foco. Balanços nos EUA podem movimentar as bolsas nesta semana.
A inflação oficial de 2021 sai na terça-feira e deve mostrar alta de preços acumulada de 10,02%, segundo a mediana dos economistas pesquisados pela Bloomberg. O dado ficará acima do teto da meta de 5,25%, o que levará o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a enviar carta ao ministro da Economia explicando o não cumprimento do objetivo. No comparativo mensal, o IPCA deve desacelerar de 0,95% para 0,69%. Mercado também irá avaliar as projeções de inflação na pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira. Semana ainda terá dados de atividade como vendas no varejo (sexta) e serviços (quinta), após produção industrial vir abaixo do previsto em novembro.
A inflação também será destaque nos EUA com CPI (Índice de Preço ao Consumidor) dia 12 e PPI (Índice de Preços ao Produtor) dia 13, após a ata do Fed da última quarta-feira gerar volatilidade nos mercados ao sinalizar alta mais rápida dos juros. Expectativa para o CPI é de desaceleração mensal, mas com ritmo maior no comparativo anual, que pode atingir o maior nível em quase 40 anos. Semana ainda terá as falas de vários dirigentes do BC americano, incluindo Jerome Powell, dia 11, em audiência sobre sua recondução como presidente. Presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de conferência dia 14, e Kuroda, do BOJ, falará dia 11. China também terá agenda pesada, com dados de inflação e balança. Balanços de grandes bancos americanos, incluindo JPMorgan, Citigroup e Wells Fargo, poderão afetar as bolsas em Nova York.
Os movimentos para as eleições de 2022 seguem no foco do mercado, assim como possíveis ameaças às contas públicas. A deputada do PT Gleisi Hoffmann afirmou que a revisão da reforma trabalhista estará no plano de governo do partido, em entrevista ao UOL. O ex-presidente Lula e integrantes da legenda também avaliam atuar para reverter outras propostas aprovadas nos últimos anos, durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, como privatizações e o teto de gastos, segundo o Estado. Uma ala do partido defende ainda revogar a autonomia do Banco Central, mas essa discussão ainda estaria num estágio menos amadurecido, de acordo com a reportagem. Pressões por reajuste salarial também seguem em destaque. O primeiro ato público dos servidores deve mesmo ocorrer no dia 18 de janeiro em frente ao Banco Central e depois no Ministério da Economia, diz a Folha.
O mercado também continua monitorando o avanço da covid em meio à difusão no país da variante ômicron. O Brasil registrou 50 mil infecções do coronavírus neste sábado, com 103 mortes.
Além do balanço da Camil (CAML3) para o período setembro-novembro, que sai dia 13, nos próximos dias deve vir a público o calendário da oferta subsequente de ações da Braskem (BRKM5) promovida pelos seus controladores, a Petrobras (PETR3/PETR4) e a Novonor (ex-Odebrecht). A expectativa da Petrobras é de que follow-on ocorra até fevereiro.
O BNDES também trabalha para vender ações na Ouro Fino e avançar com o processo de capitalização da Eletrobras (ELET3/ELET6). A Ebanx, fintech que tem o Advent como acionista, está entre as empresas que podem abrir seu capital nos EUA no começo do ano.