Inflação: CPI sobe nos EUA e derruba papéis no Brasil e no mundo (Getty/Getty Images)
Graziella Valenti
Publicado em 13 de setembro de 2022 às 14h07.
A inflação é nos Estados Unidos, mas o problema é global. A divulgação de dados de alta de preços pior do esperado lá na terra do Tio Sam acerta em cheio as ações de companhias sensíveis a consumo e renda na bolsa brasileira nesta terça-feira, dia 13. Natura &Co (NTCO3), Hapvida (HAPV3), Petz (PETZ3) e Locaweb (LWSA3) caíam todas mais de 6%, há pouco, entre os maiores tombos do Índice Bovespa. O indicador da B3 recuava forte, mais de 2,2%.
A expectativa de que o Banco Central americano (FED) seja ainda mais duro na alta da taxa de juros é cada vez maior, levando o indicador a algo entre 3,25% e 3,5%. A crença em um cenário de taxa de juros mais elevada, no mundo, e de um ciclo mais duradouro se consolida a cada dia que passa. No Brasil, o BC também deu seu recado recentemente que não era para o mercado se animar excessivamente, apesar de o IPCA ter registrado em agosto deflação pelo segundo mês consecutivo.
Nos Estados Unidos, também há desaceleração do indicador, mas houve frustração com o ritmo esperado. A expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) acumulasse 8,1% em 12 meses até o fim de agosto, mas o dado veio em 8,3%. Crescem as apostas que o juro americano possa ir a 4,5% ao ano em 2023.
Inflação alta e juro alto é uma das combinações mais venenosas para o crescimento das empresas. Falta tudo: capital e disposição da população de consumir, com a renda achatada. O setor de varejo, de forma geral, tem sofrido no Brasil, com vendas pressionadas e custos financeiros mais elevados. Para o consumidor, significa preço mais alto e menos parcelas possíveis para o pagamento.
Em Nova York, os papéis que mais sofrem são das empresas de forte crescimento, com a alta no custo de capital. No Brasil, esse movimento acaba concentrado em Locaweb. Mas lá também o varejo já sentiu o drama, como mostraram os balanços do segundo trimestre. A gigante Walmart, por exemplo, que estimava uma queda simbólica de 1% no lucro operacional deste ano, atualizou as projeções para queda entre 11% 13%, na época da divulgação dos dados semestrais.