No último pregão do ano, o índice teve alta de 0,89 por cento, a 60.952 pontos (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2012 às 14h44.
SÃO PAULO - O principal índice da Bovespa encerrou 2012 com alta de 7,4 por cento, após ter passado o ano pressionada pela crise da dívida na zona do euro e ainda refletir incertezas sobre as negociações e a solução para o "abismo fiscal" nos Estados Unidos.
No último pregão do ano, o índice teve alta de 0,89 por cento, a 60.952 pontos, descolando-se de Wall Street. O giro financeiro do pregão foi de 6,1 bilhões de reais.
Em dezembro, a alta do índice foi de 6,05 por cento, em meio à entrada de recursos de investidores estrangeiros. No trimestre, a alta foi de 3 por cento.
"2012 foi um ano complicado, de ingerências do governo brasileiro em alguns setores da economia, em que a China reduziu projeções de crescimento. Esses fatores afetaram os preços das ações de empresas que têm o maior peso no Ibovespa, como Vale, Petrobras, siderúrgicas e bancos", afirmou Illan Besen, especialista em renda variável da Icap Brasil no Rio de Janeiro.
Durante o ano, o Ibovespa chegou a acumular queda de 7,5 por cento, em junho. Na máxima, em março, a alta no ano chegou a ser de 20,5 por cento.
"Para 2013, vemos um potencial de alta, acreditamos que a economia interna deve se recuperar bastante. As medidas que o governo brasileiro tomou para estimular a economia devem ter efeito. Mas ainda é preciso ver como vai se desenhar essa questão do abismo fiscal", ressaltou Besen.
Democratas e republicanos precisam chegar a um acordo nos EUA antes do prazo final do fim do ano para evitar que o aumento de impostos e cortes de gastos entrem em vigor e ameacem a economia norte-americana.
Flávio Barros, gestor da Grau Gestão de Ativos, também espera um 2013 melhor, mas ressaltou que dados macroeconômicos podem ser um balde de água fria no mercado.
"Existe uma expectativa de que 2013 seja mais positivo do que 2012, mas os números macroeconômicos terão de confirmar isso. Do contrário, como já se precifica uma melhora do cenário, se os números vierem fracos, poderemos ver o mercado ceder".
Entre as ações brasileiras, as expectativas permanecem positivas para o setor de consumo, com educação ganhando destaque.
"Os setores de consumo e educação devem andar. Os outros vão depender de incentivos do governo", disse Ariovaldo Santos, gerente de renda variável na H.Commcor, em São Paulo.
"Construção civil, se tiver incentivo do governo, vai andar, mas não como não como nos anos anteriores. O setor de educação também pode ser beneficiado com decisões sobre royalties (do petróleo)", acrescentou Santos.
A presidente Dilma Rousseff disse na semana passada que a educação tem de ser uma "obsessão" do Brasil e enviou ao Congresso projeto que destina os royalties do petróleo para o setor. Porém, isso só será avaliado pelos parlamentares em 2013.
Hamilton Alves, analista sênior no BB Investimentos, também aposta nos setores de consumo e educação. "Consumo deve seguir bem. (O setor de) educação é o próximo boom. Mas o que a gente está vendo nesse setor é (o movimento da) iniciativa privada. Se o governo destinar dinheiro, incentiva o setor", ressaltou.
Ibovespa
Nesta sexta-feira, as ações de siderurgia e do setor financeiro foram as principais influencias positivas no Ibovespa. Banco do Brasil subiu 2,15 por cento, enquanto CSN ganhou 2,42 por cento.
Entre as blue chips, a preferencial da Petrobras ganhou 0,57 por cento, a 19,52 reais, enquanto OGX subiu 1,39 por cento, a 4,38 reais, e Vale ganhou 0,17 por cento, a 40,87 reais.