Incorporação da Vivo pela Telesp deve ser um processo tranquilo e sem surpresas (Lia Lubambo/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2010 às 14h28.
São Paulo - A incorporação da Vivo pela Telesp, operadoras de telefonia móvel e fixa, respectivamente, controladas pela espanhola Telefónica, deve ser um processo tranquilo e sem surpresas negativas para os acionistas minoritários, com um viés de valorização maior para os papéis da Vivo.
Na noite de segunda-feira, as duas empresas anunciaram os primeiros passos da esperada fusão operacional, com a incorporação da Vivo pela concessionária fixa. A relação de troca das ações ainda será determinada.
Às 13h42, as ações preferenciais da Vivo tinham alta de 2,40 por cento, para 53,80 reais, e as da Telesp ganhavam 1,60 por cento, para 41,20 reais. O Ibovespa tinha oscilação positiva de 0,1 por cento.
Para o JPMorgan, a confirmação de uma permuta de ações reduz alguns receios de que uma empresa pudesse comprar ações da outra, aumentando a alavancagem.
"Aparentemente, o processo será justo para os minoritários de Vivo e Telesp", afirmaram nesta terça-feira os analistas Andre Baggio e Anna Daher, do JPMorgan, em relatório, destacando que a transação será conduzida por dois comitês especiais com membros independentes.
Na mesma linha, o analista Carlos Sequeira, do BTG Pactual, lembra do histórico recente justo de transações para os minoritários envolvendo o Grupo Telefónica no Brasil, algo "importante para que o mercado de capitais brasileiro seja uma potencial fonte de novos recursos" para a companhia espanhola.
"Além disso, dado o grande potencial de sinergias, acreditamos que a Telefónica quer começar a integração de Vivo e Telesp o quanto antes, então provavelmente tentará evitar discussões sem fim com acionistas minoritários", disse Sequeira.
A Telefónica estima sinergias de 3,3 bilhões a 4,2 bilhões de euros geradas pela aquisição do controle da Vivo. No final de julho, a Telefónica fechou a compra da participação que não tinha na Brasilcel, holding de controle da Vivo que era compartilhada com a Portugal Telecom. A espanhola se dispôs a pagar 7,5 bilhões de euros pela fatia dos portugueses na Brasilcel.
O analista do BTG Pactual observou que a relação de troca das ações da Vivo pelas da Telesp será definida com base no preço de mercado ou, provavelmente, por avaliação pelo modelo de fluxo de caixa descontado (DCF, na sigla em inglês). "Caso seja usada a avaliação por DCF, os acionistas da Vivo tendem a ganhar --potencialmente até 24 por cento", segundo os cálculos de Sequeira.
Também em relatório, a equipe do Banif Securities destacou que a incorporação da Vivo permitirá, ainda, aumento da liquidez de ações da Telesp.
De acordo com o JPMorgan, as ações da Telesp são negociadas atualmente com um prêmio sobre as da Vivo. Enquanto Telesp vale o equivalente a 9,8 vezes o lucro por ação projetado para a empresa em 2011, Vivo tem valor de 9,2 vezes.
"Vemos qualquer aumento da diferença de preço em favor da ação da Telesp como um ponto de entrada interessante na ação da Vivo", segundo os analistas do JPMorgan, que mantêm recomendação de compra para os dois papéis, embora a preferida no setor brasileiro de telefonia seja TIM Participações.