Petroleo: ao longo do ano, os preços do barril estiveram continuamente abaixo dos 50 dólares, comparados com os 100 dólares de 2014 (Thinkstock/Thinkstock)
AFP
Publicado em 29 de novembro de 2016 às 17h26.
Última atualização em 29 de novembro de 2016 às 18h29.
Os preços do petróleo caem nesta terça-feira à medida que parece cada vez mais difícil o acordo da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) para limitar a produção e estimular os preços em alta.
O preço do barril WTI para entrega em janeiro foi cotado nesta terça em baixa, em torno dos 45 dólares.
Ao longo do ano, os preços do barril estiveram continuamente abaixo dos 50 dólares, comparados com os 100 dólares de 2014.
Em setembro, os 14 membros da Opep chegaram a um pré-acordo em Argel para limitar a produção a um nível situado entre 32,5 e 33 milhões de barris diários (mbd). Também concordaram em buscar um entendimento com outros grandes produtores não membros.
"Continuamos implementado o nível de produção que decidimos em Argel", disse nesta terça-feira o ministro iraniano do petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, em sua chegada em Viena.
Entretanto, as divergências e as dúvidas dos últimos dias estão provocando grande volatilidade do petróleo, mais ainda depois que a Rússia, um país que não faz parte do cartel, mas cuja participação no possível acordo é vital para atingir o objetivo de estimular preços, disse que não estaria em Viena.
"Não há nenhuma necessidade [de participar na reunião de quarta-feira], a Opep tem que celebrar primeiro sua reunião", disse o ministro russo de Energia, Alexander Novak.
"Naturalmente, se chegarem a um consenso e a Opep tomar uma decisão, nos posicionaremos de acordo o mais rápido possível", acrescentou.
A Rússia está produzindo cerca de 11 mbd, um nível recorde desde os tempos da URSS.
Por sua vez, o ministro argelino de Energia, Nuredin Butarfa, e seu homólogo venezuelano Eulogio del Pino se reuniram na segunda-feira em Moscou para tentar convencer a Rússia de reduzir sua produção em 600.000 mbd.
Até agora, a Rússia tem-se mostrado favorável a congelar a produção, mas não a reduzi-la.
"As discussões avançam em bom sentido", disse Butarfa em sua chegada à capital austríaca.
Os analistas são agora mais céticos do que nunca e esperam os resultados da reunião oficial de quarta-feira.
"O grupo de especialistas [da OPEP que se reuniu na segunda-feira] não fez nenhum avanço visível e tudo isso depende agora da reunião formal", disse Olivier Jakob, da Petromatrix.
Bjarne Schieldrop também não é otimista, um analista em matérias-primas do banco nórdico SEB. "Vemos muito poucas possibilidades de um corte da Opep", indica.
Dentro da Opep, que em outubro produziu cerca de 33,64 mbd, os desacordos foram mais patentes nas últimas horas.
A Arábia Saudí, o maior produtor e o país mais influente do cartel, colocou em dúvida que o corte da produção seja o único método para que os preços subam, contradizendo o pré-acordo de Argel.
Em paralelo países como Irã e Iraque são contrários à redução. O Iraque afirma que não pode prescindir das receitas do petróleo em plena guerra contra os radicais islâmicos.
Na segunda-feira, o Irã disse estar disposto a cortar 200.000 mbd, um nível que a Arábia Saudita considera insuficiente, informou a agência Bloomberg citando um delegado da Opep.
Para os membros latino-americanos do cartel, Venezuela e Equador, o acordo também é determinante, em especial para Caracas, muito dependente das receitas petrolíferas.
A Opep, fundada em 1960, ainda representa um terço da produção mundial de petróleo mas nos últimos anos perdeu influência no mercado global de petróleo.