Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 1 de junho de 2022 às 10h42.
Última atualização em 1 de junho de 2022 às 17h01.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira sobe nesta quarta-feira, 1, abrindo o mês de junho em alta. O Ibovespa avança sustentado pelas ações da Vale, descolando, mais uma vez, do clima negativo do exterior. A mineradora, que tem a maior participação na carteira teórica do índice, sobe mais de 2%, com investidores reagindo à quarta alta consecutiva do minério de ferro na China.
No exterior, por outro lado, o clima é negativo, com investidores temerosos com a possibilidade de recessão global. O pessimismo aumentou após Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, dizer que o maior banco dos Estados Unidos está se preparando para um “furacão” na economia global e aconselhar investidores a ficarem alertas.
Um dos pontos de atenção destacados por Dimon é o começo da redução do balanço patrimonial do Federal Reserve (Fed, banco central americano). A redução começa neste mês, em um ritmo R$ 47,5 bilhões mensais que seguirá até agosto. Em setembro, o aperto se intensificará para US$ 95 bilhões. Segundo a Bloomberg, o pico do ritmo de redução do balanço em 2017 foi de US$ 50 bilhões por mês.
Outro fator de preocupação é a guerra entre Rússia e Ucrânia e seus efeitos sobre as commodities. Um exemplo é o petróleo. Na véspera, a commodity chegou a perder força com notícias sobre a possível saída da Rússia da OPEP+, voltou a subir nesta quarta, sendo negociado próximo de próximo de US$ 118 por barril. A retomada acontece após líderes europeus concordarem com uma retirada “em fases” de sua dependência do óleo russo.
A valorização também acompanha notícias da China: o fim do lockdown em Xangai aumenta as perspectivas de demanda. Isso afeta não só o petróleo, como também o minério de ferro – tanto é que a Vale é o maior reforço positivo do Ibovespa no dia.
Por outro lado, o câmbio não consegue escapar do cenário internacional de aversão a risco. O dólar avança quase 1% contra o real, e é negociado perto da marca de R$ 4,80.
Em variação, o maior destaque deste início de sessão está com as ações da Hypera, que sobem mais de 8%. A forte alta ocorre em resposta ao acordo de leniência firmado pela empresa parte do processo originado pela Operação Tira-Teima, que envolvia a apuração de pagamentos de propinas a políticos. A percepção é de que o acordo, que prevê pagamento de R$ 100 milhões pelo fundador e maior acionista da companhia, João Alves de Queiroz Filho, reduz o risco de investir na empresa.
"O acordo entre Hypera e os órgãos responsáveis da União já perdurava por meses e era um fator de desconto importante por adicionar insegurança jurídica. Esse fato afastava investidores que não queriam se comprometer com o fator da dúvida e até impossibilitava alguns fundos estrangeiros e nacionais de investir na companhia por políticas próprias a respeito de disputas judiciais relacionadas à corrupção", disseram analistas da Levante em nota.
Na ponta negativa, os papéis da Azul lideram as perdas, afetados pela alta internacional do petróleo.
O movimento deveria beneficiar também os papéis da Petrobras, mas a estatal não consegue acompanhar os ganhos da commodity por conta de seus riscos políticos. Nesta quarta, as ações da Petro foram excluídas da lista do Morgan Stanley de principais ideias de ações latino-americanas, em meio a preocupações crescentes sobre o risco de interferência do governo na empresa.