Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 09h37.
Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 18h28.
O Ibovespa superou nesta quinta-feira, 10, a marca dos 115.000 pontos e chegou a ficar perto de zerar as perdas acumuladas neste ano. O principal índice da bolsa brasileira encerrou o último pregão de 2019 aos 115.645 pontos, e hoje operou aos 115.261 pontos na máxima. O Ibovespa fechou o pregão em alta de 1,88% aos 115.128 pontos e com alto volume de negociação: 37,9 bilhões de reais.
O desempenho do índice foi puxado por papéis das chamadas blue chips, as maiores ações da bolsa. Os destaques desta quinta-feira na bolsa são os grandes bancos, Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3), que estão entre os maiores suportes em pontos, com altas de até 5%. Confira os principais destaques de ações aqui.
Os papéis de Petrobras e Vale repercutiram a alta nos preços do petróleo e do minério de ferro respectivamente. Os preços do petróleo avançaram quase 3% nesta quinta-feira, com o Brent superando a marca de 50 dólares por barril pela primeira vez desde o início de março, impulsionados por expectativas de uma recuperação mais rápida de demanda à medida que países começam a lançar vacinas contra a Covid-19.
Já os bancos repercutem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado após a decisão de juros, na noite de quarta-feira, 9. Em meio à alta da inflação, o Copom excluiu o trecho de seu comunicado que dizia sobre a possibilidade de mais um corte residual na taxa Selic e alertou que a alta da inflação deve levar ao fim aos avisos sobre a impossibilidade de elevar juros.
“O setor financeiro foi favorecido pela decisão do Copom, mas é preciso lembrar também que os bancos continuam desvalorizados no acumulado do ano, e tem espaço para retomada”, afirma Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.
Os efeitos da decisão sobre a Selic também têm reflexos diretos no mercado de juros e câmbio. “Isso causou a abertura da curva de juros curta porque deixa claro que a preocupação com inflação é de curto prazo, os juros futuros de longo prazo caem”, diz Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.
No câmbio, a sinalização do Banco Central de que o ciclo de cortes da Selic caminha para um fim e se uniu à força das commodities e ao bom cenário para as vacinas para impulsionar o real. O dólar caiu 2,6% e encerrou o dia negociado a 5,0379 reais, menor nível desde 16 de junho (4,9398 reais) e maior queda percentual diária desde 6 de novembro (-2,80%).
Os investidores locais também colocam no radar novas possibilidades para o cenário fiscal. “A celeridade nas agendas reformistas reforça o bom humor dos investidores, e hoje nós tivemos algumas considerações políticas reafirmando o compromisso de votar a PEC Emergencial e a reforma tributária já nas próximas semanas, antes do recesso”, destaca Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
No exterior, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou novas medidas de estímulo no valor de 1,8 trilhão de euros para recuperar a economia do bloco. Porém, a projeção de uma recuperação mais lenta para o ano que vem contaminou as bolsas européias, que fecharam em queda. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,4%, com bancos caindo 2% e liderando as perdas. Também pesou no humor dos investidores a indefinição em relação a um acordo pós-Brexit.
As negociações também continuam arrastadas nos Estados Unidos, onde democratas e republicanos buscam chegar a um acordo para novos estímulos. Além disso, os números de pedidos semanais de seguro desemprego no país voltaram a decepcionar o mercado, ficando em 853.000 ante estimativa de 725.000. “O dado é negativo, mas pode sinalizar um reforço à tese de que os EUA precisam dos estímulos”, opina Bertotti.
Dois dos principais índices americanos fecharam em queda. O Dow Jones perdeu 0,19%, enquanto o S&P500 fechou praticamente estável, com perdas 0,05%. Já o Nasdaq avançou 0,44%, recuperando parte das perdas registradas na véspera.
No radar dos investidores também estão os dados do IBGE sobre vendas no varejo, que ficaram acima das expectativas. Referentes ao mês de outubro, as vendas tiveram alta mensal de 0,9%, enquanto as estimativas eram de queda de 0,2%. Na comparação anual, as vendas cresceram 8,3%.