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Mercado chinês não assusta e Ibovespa sobe em linha com bolsas ocidentais

Forte queda da bolsa de Xangai fica dentro do esperado e têm pouca influência sobre mercados ocidentais

Bolsa: em recuperação de perdas da última semana, Ibovespa sobe em linha com mercados internacionais (d3sign/Getty Images)

Bolsa: em recuperação de perdas da última semana, Ibovespa sobe em linha com mercados internacionais (d3sign/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 18h24.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 19h36.

São Paulo - A reabertura da bolsa de Xangai, que fechou o pregão desta segunda-feira (3) em queda de 7,72%, não assustou os investidores ocidentais. Na Europa e nos Estados Unidos, os mercados operaram em alta e por aqui não foi diferente. Neste começo de semana, o Ibovespa subiu 0,76% e encerrou em 114.629,21 pontos. O movimento de recuperação ocorre após o índice ter o pior desempenho semanal em mais de 5 meses.

“A queda da bolsa chinesa foi um ajuste porque ela estava fechada na última semana devido ao feriado de Ano Novo Lunar. Então não surpreendeu” afirmou Luís Sales, analista da Guide Investimentos. 

Para mitigar uma volatilidade ainda mais acentuada no mercado local, o Banco Central chinês injetou 174 bilhões de dólares em liquidez por meio de reverse repos (compromisso de revenda dos ativos no futuro). “O estímulo teve reflexos na melhora dos ânimos do mercado”, disse Sandra Peres, analista da Terra Investimentos. 

Segundo Peres, os dados sobre a indústria dos Estados Unidos também ajudaram a impulsionar os negócios nesta segunda. Divulgado hoje (3), o ISM industrial americano de janeiro ficou em 50,9 pontos - acima dos 50 pontos, que divide a expansão da contração da atividade. A expectativa de economistas consultados pela Reuters era a de que o ISM ficasse em 48,5 pontos.

Na Bolsa, a alta do Ibovespa foi impulsionada, principalmente, pelo setor financeiro. Entre eles, os papéis da B3 lideraram o movimento de apreciação, com valorização de 3,92%. Em baixa no ano, os grandes bancos também tiveram uma sessão positiva, com Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, subindo 0,29%, 0,64%, 0,49%, respectivamente. Com menor peso no índice, o Santander recuou 0,5%.

As ações da Vale, que vinham sofrendo com os efeitos do coronavírus, tiveram um dia alívio com o menor impacto da doença sobre a bolsa e se valorizaram 1,27%. Os papéis da CSN e Gerdau também recuperaram parte das perdas das últimas semanas, fechando em respectivas altas de 0,93% e 2,49%. 

Além das siderúrgicas, outro setor que teve um dia de altas foi o de frigoríficos. No fim de semana, o ministro do comércio da China informou que o país asiático pretende aumentar a importação de carne para tentar estabilizar a oferta doméstica. Outro fator que motivou as altas foi o surto de gripe aviária (H5N1) na província chinesa de Hunan. Com maior foco em avicultura, a BRF foi a que mais se valorizou entre os frigoríficos, subindo 3,34%. JBS se valorizou 1,96% e Marfrig, 2,55%. Fora do Ibovespa, os papéis da Minerva subiram 3,19%. 

Por outro lado, as ações da Petrobras voltaram a sentir a queda do preço do petróleo e encerraram o pregão desta segunda no vermelho. No mercado internacional, o petróleo brent caiu mais de 4%, acumulando perdas de cerca de 17% nas últimas duas semanas. Com isso, os papéis ordinários da Petrobras recuaram 1,12% e os preferenciais, 0,95%. 

A commodity têm entrado em forte queda desde que o coronavírus entrou no radar dos investidores. Isso porque, segundo analistas, a menor atividade econômica da China tende a reduzir o consumo de petróleo. Para tentar conter a desvalorização, integrantes da OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) já avaliam cortar a produção em 500 mil barris por dia. 

Já a maior queda da sessão ficou com os papéis da companhia de resseguros IRB Brasil, que despencaram 9,06%. A forte depreciação ocorre após a gestora Squadra Investimentos questionar, em carta aberta, os lucros apresentados pela empresa. Segundo a gestora, a diferença entre o lucro contábil e o normalizado têm sido cada vez maior. Na mesma carta, ela informou que está vendida nas ações da IRB Brasil e que esta é uma das principais posições no fundo Squadra Long-Bised.

“Há uma grande disparidade entre preço e valor nas ações do IRB, causada principalmente por uma percepção de parcela do mercado sobre a sustentabilidade dos seus elevados níveis de retorno sobre o capital”, escreveu a Squadra. A resseguradora afirma que sua “performance financeira e seu seu ‘earnings power’ está fielmente retratado nas referidas demonstrações contábeis”. Em 2019, as ações da IRB Brasil subiram 43,67%.

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