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Ibovespa sobe 0,9% com EUA; dólar avança e vai a R$ 5,74 com tensão fiscal

Bolsas americanas sobem com recuperação da economia dos EUA e fala de Powell; S&P 500 renova recorde de fechamento e acumula alta de 5,8% no ano

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 26 de março de 2021 às 09h20.

Última atualização em 26 de março de 2021 às 17h55.

Quadro geral do dia:

  • Ibovespa avança 0,91%, aos 114.780 pontos
  • Dólar comercial sobe 1,25% e é negociado em 5,74 reais
  • EUA: Dow Jones sobe 1,39%, S&P 500 tem alta de 1,66% e Nasdaq avança 1,24%
  • Europa: STOXX600 fecha em alta de 0,91%

Em sessão marcada por alta volatilidade e baixa liquidez, o Ibovespa voltou a ganhar força na reta final da sessão, depois de ter virado para terreno negativo na tarde desta sexta-feira, 26. O índice encerrou com valorização de 0,9%, em 114.780 pontos. Na semana, contudo, caiu 1,24%. O movimento deste pregão foi sustentado pela alta das bolsas americanas após o Federal Reserve liberar os bancos das restrições impostas na pandemia sobre os dividendos. O S&P 500 registrou valorização de 1,66%, renovando recorde de fechamento e acumulando no ano alta de 5,8%. 

Já no mercado de câmbio, o dólar comercial subiu 1,25%, indo para 5,74 reais e encerrando cotado perto da máxima do dia (em 5,75 reais), em meio a preocupações com a situação fiscal do país após aprovação do Orçamento incluindo mais verbas para emendas parlamentares. 

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“O que foi feito ontem não dá nem para chamar de Orçamento, houve contabilidade criativa. As correções via crédito extraordinário ficam fora do teto de gastos, o que alimenta o descontrole fiscal e traz impacto para os juros e para o câmbio. Mostra que não existe um comprometimento fiscal importante”, afirmou Bruno Lima, head de renda variável da Exame Invest Pro, na live Abertura de Mercado nesta manhã de quinta-feira (veja o programa).

"Com o movimento do dólar, conseguimos compreender nosso risco doméstico, com a questão do Orçamento adicionando mais um ponto de incerteza sobre o fiscal", disse o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti. Em relação à Bolsa, ele comenta que a postura do Fed contribuiu para uma tendência de recuperação dos mercados, embora o dia tenha sido marcado por um noticiário fraco.

Além disso, "observamos um volume financeiro baixo ao longo da sessão, por ser sexta-feira e com feriado prolongado nos próximos dias em São Paulo e Rio de Janeiro (embora a Bolsa siga em funcionamento normal)", disse. "Isso deixou o Ibovespa muito volátil, com movimento errático".

Em pontos, as principais contribuições positivas vieram de ações ligadas a commodities. "O petróleo subiu bem no exterior, o que ajudou a manter o índice no campo positivo", apontou Bertotti.

A Petrobras (PETR3; PETR4) avançou mais de 1%, seguindo os contratos do petróleo Brent, referência para os papéis da petroleira e negociados em Londres, que subiram 4,10% nesta sexta-feira. A commodity ganhou força nos últimos dias com um navio bloqueando o Canal de Suez, no Egito, fechando uma das rotas mais utilizadas para transporte de barris. As autoridades afirmam que a embarcação de 220 mil toneladas pode levar semanas para ser retirada, o que pode pressionar os estoques mundiais da commodity e eleva o preço.

As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas também avançaram neste pregão, acompanhando os preços do minério de ferro.

Os contratos futuros da commodity negociados na Ásia tiveram o primeiro ganho semanal em quatro semanas refletindo a queda nos estoques de aço e aumento da demanda na China. 

Também no radar, os investidores receberam com otimismo a notícia de que o Instituto Butantan desenvolveu uma vacina própria contra covid-19, a Butanvac, embora tenha trazido um sentido de maior aversão ao risco a prorrogação da fase emergencial em São Paulo por mais 15 dias.

Maiores altas e baixas do dia

Em variação, as maiores altas do Ibovespa hoje ficaram com Pão de Açúcar (PCAR3), Bradespar (BRAP4) e Gerdau (GGBR4), com ganhos de 5,90%, 5,69% e 5,26%, respectivamente.

Além de ser impulsionada indiretamente pelo minério, a Bradespar, holding que detém participação na Vale, subiu após seu conselho de administração aprovar pagamento de 1,16 bilhão de reais em proventos. A valorização da commodity puxou também a siderúrgica Gerdau, após uma semana de incertezas sobre a retomada na demanda.

Na ponta negativa do índice, a Cogna (COGN3) puxou as quedas, com desvalorização de 4,51%, após a concorrente Ser (SEER3) divulgar um bom balanço para o 4º trimestre. A Cogna também apresentaria hoje seu resultado, mas adiou a divulgação para a próxima quarta-feira, 31, antes da abertura do mercado. Entenda o que analistas esperam para o balanço da companhia

Na sequência, apareceram os papéis da Qualicorp (QUAL3) e JHSF (JHSF3), com perdas de 3,42% e 3,02%, respectivamente. Os analistas da Ativa Investimentos apontaram que as ações da JHSF sofrem hoje "por conta de uma abertura na curva de juros, que prejudica as vendas no setor imobiliário".

Na sessão, destaque também para CPFL Energia (CPFE3), que caiu 1,62%, após apresentar o resultado do quarto trimestre de 2020 nesta manhã. A empresa teve lucro de 964,6 milhões de reais, alta de 14,6% frente ao mesmo período do ano passado. 

Segundo analistas do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), o a reação negativa do mercado ocorre em função do anúncio de dividendos da CPFL. Em relatório, o banco aponta que a empresa divulgou dividendos de 1,731 bilhão de reais, o que representa 4,9% de dividend yield para 2020 ou um payout de 50%. Alguns investidores esperavam um índice de payout próximo a 100%, enquanto o BTG Pactual projetava 65%. A empresa alega que os dividendos podem aumentar se não forem encontradas novas oportunidades de M&A.

Vale lembrar ainda que as ações da CPFL já haviam subido na véspera seguindo os bons resultados de Equatorial (EQTL3) e Eletrobras (ELET3; ELET6).

Exterior otimista com recuperação

Nos Estados Unidos, os índices responderam à perspectiva de retomada da economia americana com o avanço rápido da vacinação. Por lá, o otimismo com a recuperação econômica se soma a um anúncio positivo por parte do Federal Reserve (Fed), banco central americano na tarde de ontem, que continua a impulsionar os mercados.

O Fed anunciou que os bancos poderiam retomar as recompras e aumentar os dividendos a partir do final de junho. Originalmente, o plano era suspender essas restrições adotadas na pandemia já no primeiro trimestre. 

A medida é favorável às ações do setor bancário, que subiram e acabaram impulsionando a rotação cíclica para papéis de valor. 

A Europa foi influenciada tanto pelo clima positivo quanto pela alta do petróleo, e as principais bolsas do continente operam em alta. Durante a maior parte da semana, o mercado europeu esteve preocupado com novos 'lockdowns' e um ritmo lento de vacinação na zona euro. 

Os temores diminuíram com o clima ameno no exterior e com medidas tomadas dentro do grupo. Ontem, a União Europeia decidiu que a AstraZeneca não pode mais exportar vacinas contra Covid-19 até que cumpra seus contratos com o grupo

Para o Brasil, o bloqueio mais importante é o que vem da Índia, fornecedora das vacinas da AstraZeneca que são enviadas para cá.

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