Bolsa: Ibovespa sobe 0,55% e encerra em 96.764,85 pontos (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 3 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 3 de julho de 2020 às 18h02.
A bolsa brasileira fechou em alta nesta sexta-feira, 3, com ajuda de dados econômicos que voltaram a surpreender positivamente os investidores. Contudo, com o mercado americano fechado devido ao feriado, o pregão foi marcado pela baixa volatilidade, com o Ibovespa, principal índice de ações, operando próximo da estabilidade pela maior parte do dia. O Ibovespa subiu 0,55% e encerrou em 96.764,85 pontos. Com isso, o índice encerrou a semana em alta de 3,1%.
“O movimento segue ilustrando a ponderação de investidores entre a visão de uma recuperação em ‘V’ e a preocupação com novos surtos de covid-19 que passaram a atrasar a reabertura dos negócios ao redor do mundo”, afirmam analistas da Guide em nota a clientes.
Na véspera, os Estados Unidos voltaram a apresentar recorde de casos diários, reportando mais de 50.000 novos infectados. Conforme os números da doença seguem aumentando na maior economia do mundo, reduzem as expectativas de uma recuperação intensa no segundo semestre. Em estados do sul e oeste do país, onde o ritmo de contaminação segue acelerado, processos de reabertura foram retardados.
“O temor com o crescimento de novos casos nos Estados Unidos começou a ganhar maior força e deve passar para o fim de semana. Há preocupação sobre retrocessos nos processos de abertura”, comentou Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.
Por outro lado, dados de algumas das principais economias do mundo voltaram a sair acima do esperado. Na zona do euro, o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto de junho ficou em 48,5 pontos. Embora tenha saído abaixo dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade econômica, o número ficou acima dos 47,5 pontos projetados pelo mercado. O PMI composto do Reino Unido também superou as expectativas, ficando em 47,7 pontos ante os 47,6 pontos esperados.
Já na China, que foi um dos primeiros países a deixar para trás a pior fase do coronavírus, os dados econômicos já apontam para a melhora econômica. Por lá, o PMI composto, divulgado na noite de ontem, ficou em 55,7 pontos.
“Os dados econômicos mostram alguma retomada, o que favorece o preço do minério de ferro e frigoríficos brasileiros, que têm uma relação muito forte com a China”, disse Bertotti.
No radar do mercado também seguem os desdobramentos sobre a lei de segurança nacional imposta pela China sobre o território de Hong Kong. Na última quinta-feira, 2, o gigante asiático ameaçou retaliar o Reino Unido por ter se colocado disposto a receber refugiados de sua ex-colônia. Estados Unidos, Taiwan e Austrália também avaliam acolher refugiados de Hong Kong.
“Essa tensão acaba pesando nos mercados. É uma questão que vai e vem, mas afeta a diplomacia e até o livre tráfego de mercadorias e serviços. Mas o mercado segue olhando mais para a recuperação da atividade econômica e para o coronavírus”, afirmou Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.