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Ibovespa recua 0,5% na contramão do exterior; alta da Petrobras ameniza perdas

Desvalorização de siderúrgicas e queda de bancos ofuscou otimismo com discurso pró-estímulos de Janet Yellen, nova secretária do Tesouro americano

Painel de cotações da B3  (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 09h26.

Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 18h21.

Após abrir em alta, o Ibovespa virou para queda ainda na primeira hora de pregão desta terça-feira, 19, e passou o dia em terreno negativo embalado pela desvalorização das ações dos grandes bancos e das siderúrgicas. O movimento ofuscou o otimismo com o discurso de Janet Yellen, indicada por Joe Biden para o cargo de secretária do Tesouro, que reforçou a política de estímulos nos EUA. O principal índice da bolsa brasileira recuou 0,50% e encerrou o dia aos 120.636 pontos.

Ibovespa a 120 mil pontos: saiba o que se pode esperar da bolsa e das principais ações com a EXAME Research

As perdas no Ibovespa foram limitadas pelo bom desempenho da Petrobras (PETR3; PETR4), cujas ações subiram 1,46% e 2,32% respectivamente. Os papéis da petroleira, que tem grande peso no Ibovespa, se beneficiaram da alta nos preços do petróleo, que acompanharam os mercados acionários americanos.

Na ponta oposta, as siderúrgicas lideraram as perdas do índice em linha com a desvalorização do minério de ferro na China, que caiu após bater a máxima em quatro semanas. Os bancos também recuaram e pesaram sobre o índice, com os investidores repercutindo a incerteza sobre o cenário fiscal e sobre a vacinação no Brasil. 

“Além da questão do minério de ferro, fatores internos também pesam. Ontem tivemos um dia positivo, com o início da vacinação, mas ainda há incertezas sobre a distribuição das vacinas. Talvez o tempo para uma vacinação em massa demore mais do que o esperado, o que preocupa”, afirma Gustavo Bertotti, economista da Messem.

 Confira aqui os principais destaques de ações da bolsa hoje.

Nos Estados Unidos, as bolsas avançaram na esperança de novos estímulos. As expectativas foram impulsionadas pelo discurso da nova secretária do tesouro, que foi sabatinada hoje pelo Comitê de Finanças do Senado. "Nem o presidente eleito, nem eu, propomos este pacote de alívio sem uma avaliação do peso da dívida do país. Mas agora, com as taxas de juros nas mínimas históricas, a coisa mais inteligente que podemos fazer é agir grande", disse Yellen.

A secretária também destacou que "os benefícios irão superar em muito os custos, especialmente se nos preocupamos em ajudar as pessoas que estão em dificuldade há muito tempo".  No mercado, a expectativa é de que Yellen consiga convencer líderes republicanos a apoiar o pacote de estímulo de 1,9 trilhão de dólares, anunciado por Joe Biden na última quinta-feira. 

Embora bastante aguardado pelos investidores, o plano de Biden chegou a provocar fortes perdas nas bolsas após sua apresentação. Para parte do mercado, a oposição republicana ao projeto, considerado ousado, pode inviabilizar sua aprovação. Para entrar em vigor, o projeto precisa de 60 votos no Senado, onde o Partido Democrata tem apenas 51, considerado o da vice-presidente. 

“Janet Yellen tem um perfil conciliador, que pode favorecer as políticas de incentivos fiscais nos Estados Unidos e fazer com que a economia retome de forma mais rápida”, comenta Bertotti.

Os três principais índices das bolsas americanas fecharam em terreno positivo. O Dow Jones subiu 0,38% e o S&P500 avançou 0,81%. O destaque ficou com o índice de tecnologia Nasdaq que registrou ganhos de 1,53%. Isso porque algumas das principais ações de tecnologia tiveram forte recuperação em relação às perdas da semana passada. Facebook e Alphabet subiram 3,9% e 3,3%, respectivamente, enquanto a Microsoft subiu 1,8%. Apple e Amazon também tiveram um dia de ganhos.

Em meio ao otimismo nos Estados Unidos, o dólar se desvalorizou 0,28% segundo o índice Dyx, que mede a força da divisa contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos. Por aqui, a situação foi diferente. O real liderou as perdas entre seus pares emergentes e mostrou o pior desempenho global na sessão de hoje, à medida que investidores colocaram os receios fiscais e o avanço da pandemia nos preços. O dólar encerrou o dia negociado a 5,345 reais, valorização de 0,771%.

Os mercados europeus também seguiram na direção oposta às boas expectativas para os EUA e recuaram nesta terça-feira. As bolsas do continente foram pressionadas pelas ações de varejistas, de viagens e bancos, cautelosos com a perspectiva de lockdowns mais longos. 

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel, e os governos estaduais concordaram em estender o lockdown para a maioria dos centros comerciais e escolas até 14 de fevereiro, segundo informações da Reuters. O índice alemão DAX caiu 0,22% enquanto o índice pan-europeu STOXX600 recuou 0,19%.

No Brasil, investidores também repercutem a segunda prévia do IGP-M de janeiro, que voltou a superar as estimativas, ficando em 2,37%. Na primeira prévia, o IGP-M havia ficado em 1,89%. Para esta divulgação, a expectativa era de 1,75% de alta.

 

 

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