Painel de cotações da B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de julho de 2022 às 10h48.
Última atualização em 11 de julho de 2022 às 17h18.
O Ibovespa recua nesta segunda-feira, 11, pressionado pela aversão a risco nos mercados globais, impulsionada pelo avanço do coronavírus e pelo clima negativo nas bolsas americanas.
Na China, a política de Covid zero e as consequentes retomadas das restrições no país preocupam os investidores. Nesta segunda-feira, o centro asiático de jogos de azar de Macau anunciou que fechará todos os seus cassinos por uma semana na tentativa de conter um surto na região. Além disso, Xangai descobriu um caso envolvendo a subvariante Ômicron BA.5.2.1.
A incerteza na economia chinesa prejudica o minério de ferro e, consequentemente, as ações da mineradora Vale (VALE3), que tem o maior peso do Ibovespa. A queda é acompanhada por siderúrgicas, também prejudicadas pela depreciação do metal.
A preocupação sobre os impactos econômicos de novos lockdowns derrubou em mais de 2% a bolsa de Hong Kong e em mais de 1% a de Xangai. Os temores foram transmitidos para o Ocidente, com os índices da Europa e dos Estados Unidos em queda.
Nos EUA, investidores estão preocupados ainda com a temporada de balanços do segundo trimestre, que ganha força na quinta-feira, 14, com a divulgação dos resultados de grandes como JPMorgan e Morgan Stanley.
Analistas estão divididos sobre os impactos que a alta da inflação e a elevação de juros podem ter sobre os resultados das empresas. Vale lembrar que o mercado de renda variável americano entrou em tendência de queda neste ano com a disparada dos preços e temores de que o aperto monetário leve a uma recessão econômica.
Na última semana, dados do mercado de trabalho americano saíram mais fortes que o esperado, alimentando as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) acelere o ritmo de elevação dos juros.
"Tudo indica que o Fed está com força total para subir juros e não parece que vai reduzir o ritmo [de 0,75 ponto percentual] de alta. O desemprego está baixíssimo nos Estados Unidos", disse Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, em morning call desta segunda.
Desde a divulgação do payroll na sexta-feira, 8, a probabilidade de uma alta de juros mais suave, de 0,50 ponto percentual (p.p.) na próxima reunião, foi reduzida a zero, segundo o monitor de expectativas do CME Group. Por outro lado, cresceram as apostas de uma alta ainda mais forte, de 1 ponto percentual, de 0% para 7% de chance.
Nenhuma ação do Ibovespa sofre mais que as da Gol (GOLL4) e da AZUL (AZUL4). As companhias aéreas desabam mais de 11% na bolsa, com investidores reagindo ao corte de preço-alvo do Morgan Stanley para as ações. A Gol teve preço-alvo cortado de US$ 5,60 para US$ 2,90, e a Azul de US$ 10,30 para US$ 5,60.
Investidores reagem ainda à prévia operacional do segundo trimestre da Gol, apresentada nesta manhã. A companhia estimou prejuízo líquido de R$ 1,80 por ação. Entre as pressões negativas para o resultado está o maior custo de querosene de aviação, que saltou cerca de 73% em relação ao segundo trimestre de 2021, segundo a Gol.
Papéis de tecnologia também figuram entre as maiores quedas do dia, com Méliuz (CASH3) e Cielo (CIEL3) em queda de mais de 4%. A desvalorização tem como pano de fundo o maior pessimismo de investidores internacionais pelo aumento das taxas de juros nos Estados Unidos.
As ações do setor de tecnologia também são pressionadas nesta segunda pela baixa do Twitter (TWTR). As ações da rede social caem mais de 8% na bolsa americana Nasdaq, dando sequência às perdas do último pregão quando o bilionário Elon Musk anunciou que desistiu de comprar a rede social.
Na última sexta-feira, o advogado de Musk notificou o conselho do Twitter de que o empresário deseja cancelar o acordo de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 250 bilhões). As ações já haviam recuado 5,10%.
Em resposta ao recuo de Musk, os BDRs do Twitter (TWTR34) negociados no Brasil também operam em forte queda.